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Prefeitura de Niterói investiga casos, mas descarta, até agora, Mal da Vaca Louca

"Não há até o momento evidências da relação dos casos suspeitos com o consumo de carne bovina"

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A Secretaria Municipal de Saúde de Niterói foi recentemente notificada sobre quatro casos em hospitais particulares da cidade de suspeita da Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), que ficou conhecida como "Mal da Vaca Louca", mas que não necessariamente é contraída pelo consumo de carne vermelha contaminada com Encefalite Espongiforme Bovina.

Com a proliferação de áudios que vêm circulando nas redes sociais, relatando inclusive óbitos, o Jornal do Brasil entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde, que negou a existência de mortes causadas pela DCJ e lembrou que a notificação sobre a doença é obrigatória.

A Secretaria Municipal de Niterói informou que a Coordenação de Vigilância em Saúde do município foi notificada sobre a ocorrência de quatro casos suspeitos da DCJ, três deles em 2016 e um em 2017. Um dos casos já foi descartado. Não houve notificação de óbito. Todos são investigados e monitorados.

"A Fundação Municipal de Saúde convocou uma equipe, composta por médico neurologista, pela Coordenação de Vigilância em Saúde e pelo Departamento de Vigilância Sanitária, que está mobilizada no acompanhamento e investigação dos casos. Técnicos estão entrevistando os pacientes e seus familiares para rastrearem possíveis causas para a doença. O município também comunicou a Secretaria de Estado de Saúde, que está trabalhando em conjunto com a Fundação Municipal de Saúde na investigação. Estão sendo seguidos todos os protocolos do Ministério da Saúde. Não há até o momento evidências da relação desses casos suspeitos com o consumo de carne bovina, portanto não se deve utilizar o termo 'Mal da Vaca Louca'", afirma a nota da Prefeitura de Niterói.

Segundo o Ministério da Saúde, a quem todos os casos devem ser reportados, a doença tem quatro formas de transmissão conhecidas:

"A Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) é uma Encefalopatia Espongiforme Transmissível que acomete os humanos, sua incidência é estável e descrita com sendo de 1 a 2 casos novos a cada 1.000.000 de habitantes e é discretamente mais prevalente em mulheres. Tem caráter neurodegenerativo não existindo tratamento e sendo fatal em todos os casos. É causada por uma partícula proteinácea infectante denominada de “PRION’’. Assim como outras encefalopatias espongiformes transmissíveis, é caracterizada por uma alteração espongiforme visualizada ao exame microscópico do cérebro. Regularmente é diagnosticada no país, ocorrendo normalmente em pessoas com idade entre 60 e 80 anos, com uma idade média de morte de 67 anos. A partir dos primeiros sintomas da doença, o tempo de vida médio paciente é de um ano. O paciente típico com DCJ desenvolve uma demência progressiva rapidamente associada com sinais neurológicos multifocais, ataxia e mioclonias ficando muda e imóvel na fase terminal", informa o Ministério da Saúde.

Transmissão

A forma exata de aquisição da DCJ ainda é desconhecida, podendo ocorrer por quatro mecanismos de transmissão conhecidos:

Ø Esporádica: Não existe nenhuma relação de transmissibilidade, nem evidência da doença na história familiar do paciente. Essa forma é responsável por aproximadamente 85% dos casos de DCJ.

Ø Hereditária: Decorrente de uma mutação no gene que codifica a produção da proteína priônica, que tem 50%de probabilidade de ser transmitida aos descendentes.

Ø Iatrogênica: Surge como consequência de procedimentos cirúrgicos (transplantes de dura-máter e córnea) ou através do uso de instrumentos neuro-cirúrgicos ou eletrodos intracerebrais contaminados.

Ø Variante da DCJ: A outra forma da doença está associada ao consumo de carne e subprodutos de bovinos contaminados com Encefalite Espongiforme Bovina (Doença da “vaca louca”) e é conhecida como variante da Doença de Creutzfeldt–Jakob (vDCJ). Os primeiros casos surgiram em 1996 no Reino Unido e diferentemente da forma tradicional (DCJ), ela acomete predominantemente pessoas jovens, abaixo dos 30 anos. O primeiro caso mundial de possível transmissão sanguínea da nova variante da vDCJ foi divulgado recentemente pelo Ministério da Saúde da Grã-Bretanha.