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Servidores da Cedae decidem, após o carnaval, se greve continua

Depois da aprovação da privatização, funcionários planejam novas estratégias

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Após a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovar, na segunda-feira (20), a privatização da Cedae, os funcionários em greve da companhia agora elaboram novas estratégias e preparam uma nova assembleia para decidir os rumos do movimento. “Na última assembleia definimos a greve para os dias 20, 21, 22 e 23. Depois do carnaval vamos fazer uma nova reunião para definirmos a estratégia do movimento”, afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Saneamento Básico e Meio Ambiente do Rio de Janeiro (Sintsama-RJ), Humberto Lemos.

De acordo com ele, a greve não vai afetar o fornecimento de água. “Trinta porcento do efetivo está sendo mantido para trabalhos emergenciais de vazamento e falta d’água. Estamos agindo de acordo com a lei de greve. A população não pode e não deve ser afetada por um corte na água. Isso é uma coisa que não deixaremos acontecer”, afirmou. A assessoria da Cedae afirmou que não tem um levantamento do efetivo que está trabalhando ou participando da greve, já que o regime de trabalho é baseado em turnos.

Os manifestantes da Cedae agora devem se aproximar da Prefeitura do Rio de Janeiro, após o prefeito Marcelo Crivella expressar a intenção de criar uma companhia municipal de água e esgoto, caso a privatização da companhia fosse aprovada. Segundo Humberto, uma decisão de municipalizar o fornecimento de água no Rio poderia tornar a privatização inviável.

“A cidade do Rio de Janeiro tem R$ 650 milhões de lucro líquido na Cedae, o que corresponde a 87% do lucro da empresa. Fora Mesquita e Nilópolis, os outros 61 municípios são deficitários. O lucro real está no Rio de Janeiro, e iniciativa privada não vai se interessar por um negócio que não inclua o Rio”, afirmou o sindicalista.

A partir das 15h desta terça-feira (21), os deputados devem começar o debate sobre como a abertura de ações da empresa deve ser estabelecida. Os partidos que se posicionaram contra a privatização apresentaram 16 destaques, remanescentes das 211 emendas propostas pelos deputados ao projeto, que foram rejeitadas antes da votação.

>> Cedae: após aprovação da privatização, Alerj debate destaques

Humberto considera uma eventual aprovação dessas emendas algo positivo, e os manifestantes prometem um novo ato diante da Alerj nesta terça para pressionar novamente os deputados. O grupo se reuniu em frente à Estação de Tratamento de Água Guandu, em Campo Grande, e deve chegar no Centro do Rio por volta das 14h. “A aprovação dessas 16 medidas é fundamental. Elas protegem a população e os trabalhadores. Somos cerca de 6 mil funcionários, num país com milhões de desempregados. Muitos desses funcionários são trabalhadores mais velhos. Onde vão trabalhar?”

Os 16 destaques foram solicitados por cada um dos quatro partidos que se manifestaram contrários ao projeto (PSDB, PSOL, PDT e PT), que possuem uma bancada de no mínimo três parlamentares. De acordo com o artigo 141 do regimento interno da Alerj, cada bancada tem direito a destaques "na proporção de dois para cada três deputados, ou fração". Veja o arquivo com os destaques aqui.

Para a aprovação da companhia, era necessária a maioria simples dos 70 deputados. Foram 41 votos a favor e 28 contra. Para Humberto, a decisão da Casa foi influenciada pelo oferecimento de cargos aos deputados. “Foram 250 cargos e cinco secretarias oferecidos aos deputados. Foi um atrativo muito convincente para eles ajudarem esse governo que já está quase cassado e impedido”, concluiu.

* do projeto de estágio do JB