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Rio ganha ambulatório público para atender mulheres com câncer ginecológico

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Mulheres que sofrem de câncer em órgãos sexuais já podem contar com a assistência de um ambulatório específico do setor na rede pública de saúde do Rio. Vinculado ao Instituto Nacional do Câncer (INCA), o recém-inaugurado Ambulatório da Sexualidade funciona no Hospital do Câncer II, no centro da cidade, e vai ajudar a pacientes a lidar com sintomas da doença e do tratamento. A unidade começou a funcionar no último dia 5 de janeiro e atende a cerca de dez pacientes por dia.

A enfermeira Carmem Lúcia de Paula, coordenadora do ambulatório, explica que o câncer ginecológico pode impactar a sexualidade,uma vez que os tratamentos -  como a radioterapia e a quimioterapia - acabam ressecando e atrofiando a vagina, além de causarem perda do desejo e depressão. Há dez anos no Inca, Paula está habituada a ouvir dúvidas e receios e conta que essas questões podem ser abordadas, de maneira reservada, com cada mulher em tratamento.

No atendimento individual, ela explica sobre a doença, encaminha para outros especialistas, como psicólogos, no caso daquelas que estão se isolando, e orienta cada uma a adaptar sua prática sexual às limitações da doença. Recomenda, por exemplo, o uso de lubrificantes à base de água e preservativos.

"Muitas até se precipitam, em meio ao sofrimento e a confusão de emoções, e chegam a terminar um relacionamento, sem nenhuma necessidade. Aqui, orientamos, inclusive, que a paciente converse com o parceiro e explique sobre as alterações em seu corpo durante o tratamento do câncer. Às vezes, eles não sabem", revelou.

Uma das mais novas pacientes do ambulatório, Juciara da Silva Cerqueira, de 56 anos, que se trata no Inca desde outubro de 2015, disse que na unidade se sente mais à vontade para tirar dúvidas sobre a intimidade. "Minha psicóloga, na última consulta, foi quem me falou para vir aqui. Operei, tirei órgãos e altera algumas coisas", disse ela, que é casada.

A equipe vinculada ao ambulatório da sexualidade é formada por mais de 20 profissionais, incluindo enfermeiros, médicos, fisioterapeutas e nutricionistas, e atende as mulheres às quintas-feiras, encaminhadas pela rede pública e que fazem tratamento no Inca.

Nas mulheres, o câncer de colo de útero é o terceiro mais comum -- o primeiro é o de mama, seguido do colorretal (desconsiderando-se o câncer de pele).