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Homens tentam impedir visita de Jandira a ocupação no Pedro II e geram tensão

Fernando Holiday do MBL e o deputado Sóstenes Cavalcante também visitaram o local 

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A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB/RJ) foi realizar uma visita de apoio à ocupação de estudantes do Colégio Pedro II na Tijuca, no Rio de Janeiro, neste sábado (12), e foi impedida por pessoas que se diziam pais dos alunos de entrar no local. Depois que Jandira conseguiu ter acesso à escola, eles seguiram a equipe da deputada, fazendo provocações em vídeo. Como não foram reconhecidos pelos pais nem pelos alunos presentes e também não quiseram se identificar, uma regra da ocupação para visitas, a presença deles gerou tensão. 

De acordo com a deputada, os responsáveis pelos estudantes estão em contato com advogados para identificar e, eventualmente, processar o grupo, que fez imagens de menores de idade, o que é proibido por lei. Em conversa com o JB por telefone na tarde deste sábado, Jandira destacou que foi à ocupação para apoiar e saber se os alunos precisavam de alguma ajuda, amplificar a visibilidade do ato, e frisou que a visita foi anunciada pelas redes sociais. 

"Quando ia chegando, havia quatro figuras na esquina, um se colocou na minha frente e disse 'você não vai entrar, você não pode entrar'", contou a deputada, que explicou que disse que explicou ao grupo que entraria no local, considerando que agentes públicos têm passagem em prédios públicos. Jandira conseguiu entrar, e os homens entraram em seguida, fazendo as imagens em vídeo. 

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"Os alunos reagiram e disseram 'aqui tem regras'. Pediram nome, eles não deram, também não quiseram apagar o vídeo", comentou Jandira, que informou ao grupo que se eles publicassem o vídeo com o rosto dos menores de idade, seriam processados. 

"Os pais começaram a ficar preocupados, os alunos também. Nós conversamos, eu expliquei a eles que se trata de um movimento fascistoide de tentar desqualificar a ocupação e fazer parecer que trata-se de um movimento de depredação."

Jandira elogiou a organização dos alunos do CPII da Tijuca, com regras sobre entrada e saída de pessoas, abastecimento de alimentos, divisão de tarefas como de alimentação e limpeza entre meninos e meninas. "Eles estavam cozinhando, meninos e meninas lavando a louça, consertando cadeiras, é um negócio incrível, super organizado, preservado."

Visita do MBL e do DEM

Logo em seguida, apareceram no local o deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM/RJ) e o membro do MBL Fernando Holiday, eleito vereador da cidade de São Paulo pelo DEM. Em vídeo publicado na página do MBL no Facebook, os dois dizem que decidiram ir ao colégio para verificar a realização da palestra que seria realizada por Jandira Feghali com o senador Lindbergh Farias (PT/RJ), criticando o fato de não haver vozes dissonantes no debate. O vídeo termina com o momento em que Sóstenes e Fernando tentam entrar no local, e o integrante do MBL é impedido, com uma voz no vídeo que diz que ele não poderia entrar por fazer parte de um "movimento fascista". 

No segundo vídeo, gravado por volta das 13h deste sábado, Sóstenes fala que houve um "conflito um pouco áspero" na ocupação antes deles chegarem, fez críticas ao governo do PT e destacou que os estudantes estariam alinhados ao antigo governo e não ao atual. "É um grupo pequeno de alunos, mas que deve, democraticamente, ter o nosso respeito, apesar de eu não concordar com o mérito, o mérito é discutível", disse Sóstenes no vídeo após a visita, prometendo visitar outras ocupações. 

"Lógico que a ocupação é das pessoas que têm, ideologicamente, um alinhamento à esquerda, é democracia, ninguém é obrigado a pensar igual, nós pensamos diferente", completou o deputado federal. "Foi tudo na paz, no final das contas", acrescentou Holiday. "Demonstramos que o MBL também é um movimento democrático que sabe ouvir o outro lado", defendeu.

Jandira também falou sobre a forma que os estudantes receberam o deputado federal e o membro do MBL. "Os estudantes decidiram que entrariam todos, se identificando e deixando o celular em cima da mesa. Eles visitaram a ocupação e foram super bem recebidos, eles [alunos] apresentaram o movimento a eles da mesma forma que apresentaram a mim", contou a parlamentar.  

A deputada destaca que o momento de tensão principal foi quando os homens sem identificação fizeram vídeos sem autorização. "O nível de intolerância é difícil. Agora, os pais mandaram imagens para os advogados, que vão tentar identificar e processar. Para os alunos, que não têm muita experiência política, isso gera uma tensão acima do tolerável."