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Alunos da rede estadual de ensino ocupam Secretaria de Educação do Rio

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Cerca de 50 estudantes estão ocupando a sede da Secretaria de Educação (Seeduc) do Rio, desde o fim da manhã desta segunda-feira (30), no Santo Cristo, região portuária, cobrando uma conversa com o governador em exercício, Francisco Dornelles, e com o secretário da pasta, Wagner Victer. Os alunos cobram também melhorias na rede de ensino e apoiam a greve dos professores, iniciada no dia 2 de março. A primeira ocupação do prédio da Secretaria de Educação, no dia 20 deste mês, terminou na madrugada do dia 21, quando o Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM) retirou os estudantes. Na ocasião, a PM usou spray de pimenta.

Estudantes de várias escolas ocupadas foram à Seeduc nesta terça-feira e ocuparam o prédio, exigindo uma negociação com o novo secretário de Educação, Wagner Victer. A secretaria tem reagido à ocupação das escolas organizando, por meio das direções metropolitanas, os movimentos “desocupa”.

Alunos de colégios ocupados participam do movimento na sede da secretaria, como também professores que estão dando suporte aos jovens. Os alunos recusaram-se a dar entrevistas, mas convocaram os profissionais de imprensa, funcionários e professores para entregar um comunicado.

“Nós, estudantes secundaristas de vários colégios ocupados no estado do Rio de Janeiro, gostaríamos apenas de dizer a todos, sejam funcionários ou não, que a nossa luta é unificada, sejam estudantes, professores ou funcionários públicos. A nossa luta não é contra os funcionários públicos, contra os funcionários da secretaria ou contra ela mesma. A nossa luta também é por vocês, funcionários. É contra o governo que nos oprime. É contra tudo aquilo que vai de encontro à gente. Esse é apenas um esclarecimento para não haver confusão”.

O professor de língua portuguesa Alberto Lopes destacou a relação direta que os professores deveriam ter com os alunos e disse que está apoiando a ocupação em virtude do tratamento “repressor” que os alunos recebem nessas ocasiões. “Nós, professores, não existimos sem os alunos. E a partir do momento em que a gente toma conhecimento dessa ocupação, da luta e da reivindicação desses jovens, é melhor se fazer presente, haja visto o tratamento repressor e agressivo que eles sofrem nesses episódios. A gente quer manter a integridade física deles. Por isso, estamos aqui. Para testemunhar fatos e não deixar que a covardia se estabeleça na calada da noite”, disse.

Lopes relatou que as unidades de ensino estaduais estão cada vez mais sucateadas, faltando desde alimentação até itens básicos de higiene. “A gente sabe que eles estão convivendo com escolas cada vez mais sucateadas, sem nenhuma condição de uso. Falta até comida. A gente tem conhecimento de uma ameaça de que eles fiquem, em alguns dias da semana, sem merenda. Faltam espaços, como as bibliotecas que não são liberadas para eles. Mas a gente sabe que isso ocorre porque nesses locais existem pacotes de livros lacrados, sem terem sido sequer utilizados, sem mencionar as questões administrativas. Muitas escolas têm direções que não dialogam com os estudantes. Estamos vivendo um momento que ninguém mais quer viver de forma verticalizada, e sim de forma horizontal, mais justa. Dentro disso, todos querem ter o direito de participar da construção da cidadania”.

O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro diz, em nota,  que a direção do sindicato e um advogado acompanham a situação. A Polícia Militar informou que oficiais do 5° Batalhão de Polícia Militar (Praça da Harmonia) estão posicionados no local para “monitorar a movimentação”.Também em nota, a Secretaria de Educação afirma que continua, no âmbito criado pela Justiça, o Ministério Público e a Defensoria Pública, negociando com os representantes dos alunos e professores. A secretaria continuará a manter o diálogo com eles e com entidades representativas das categorias.

No texto, a secretaria informa que menos de 5% das escolas estão ocupadas. Nos últimos dias, já foram desocupadas 16 unidades, que já começaram a receber melhorias e reparos. Diz ainda que o Colégio Estadual Mendes de Moraes, na Ilha do Governador, primeira unidade ocupada, já recebeu melhorias e está desenvolvendo atividades pedagógicas de acolhimento.