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Alunos do Ocupa Escola fazem manifestação no Rio

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Estudantes que integram o movimento Ocupa Escola que, segundo a Secretaria Estadual de Educação, já atinge 67 escolas da rede publica do estado do Rio, realizam nesta quarta-feira (4) manifestações em várias unidades de ensino que tiveram as atividades escolares suspensas em decorrência da mobilização.

Iniciado no dia 21 de março, o movimento pretende não só unificar como levar para as ruas a mobilização estudantil, dando maior visibilidade às reivindicações procurando unificar as ocupações de escolas.

Na Zona Sul da cidade, por volta das 9h desta quarta-feira, 30 a 40 alunos do Colégio Estadual Amaro Cavalcanti interromperam parcialmente a Rua Bento Lisboa, no Largo do Machado, como parte das manifestações.

Com faixas e cartazes com frases de efeito como “Educação precarizada, nossa resposta: escola ocupada” e “Tira das Olimpíadas e investe na educação”, eles ocuparam parte da rua por cerca de 2h provocando um grande congestionamento.

Para uma das alunas que participavam do ato, Pollyana Vasconcelos, o movimento foi para as ruas ganhar maior visibilidade e chamar a atenção da população para os problemas enfrentados pelas escolas públicas.

“Nós estamos lutando pelos nossos direitos contra o descaso das autoridades com a educação. Só assim a gente conseguirá ser ouvido. Nossa reivindicação, no fundo, é simples: que haja avanço no ensino e melhores condições em todas as escolas”, disse à Agência Brasil.

Pauta

Entre as melhorias, constam da pauta de reivindicações dos alunos da Amaro Cavalcanti a manutenção da rede hidráulica, o que ocasiona com frequência falta d'água, a entrega imediata de todo o material didático e uniforme para os alunos e o fim do currículo mínimo e da prova do Saerj (Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro).

Em manifesto distribuído à população, os alunos do Amaro Cavalcanti criticaram o fato de que as Olimpíadas estão custando R$ 39 bilhões aos cofres públicos e a “obra irresponsável” da ciclovia Tim Maia, apresentada pela prefeitura como um “legado olímpico”, cerca de R$ 45 milhões.

Professor

Em meios aos alunos, uma professora do Amaro Cavalcanti chamava a atenção pela empolgação com que apoiava o movimento. Silvana Mesquita, que dá aula de História há mais de 15 anos, ressaltou a precarização da escola do Largo do Machado.

“Eu apoio o movimento, participei do primeiro dia de ocupação e acho justo que os alunos briguem pelas  escolas da rede estadual. E a Amaro chegou a tal ponto que os alunos deram um basta. E este movimento é um basta dos alunos ao descaso com as escolas e a forma com que são tratados pelo governo do estado. Nós, professores, sempre fazemos greve contra esse descaso, essa precarização e o baixo salário pago aos professores”.

Movimento Desocupa

Em reação ao Ocupa Escola, um grupo de alunos contrário à iniciativa criou um movimento que segue direção contrária: Desocupa Já. São estudantes que discordam da ocupação e pedem outras formas de protesto para que se obtenha melhorias nas unidades de ensino da rede estadual.

Eles querem a retomada imediata das aulas e entendem que a ocupação não é a melhor forma de reivindicar o direito dos estudantes.

Nota oficial

Em reação às manifestações desta quarta-feira, a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) informou, em nota, que disponibilizará cota extra excepcional de até R$ 15 mil para cada escola da rede visando a realização de manutenção e reparos “considerados menores” Segundo a nota, “essa é mais uma ação da secretaria que demonstra vontade em negociar e resolver a situação das ocupações”.

Na nota, a Seeduc enumerou os prejuízos causados pelos mais de 40 dias do movimento Ocupa as Escolas e anunciou providências. Segundo a nota, desde a última segunda-feira (2), as 67 escolas ocupadas entraram oficialmente em recesso escolar.

“Isso significa que essas unidades ficam sem receber, no mês de maio, verba de merenda e manutenção; sem serviço de limpeza; o cartão de estudante será suspenso; e docentes não necessitam assinar a frequência”.

Explica, ainda, que as aulas nos colégios ocupados ocorrerão em agosto de 2016 e janeiro de 2017 e aos sábados do segundo semestre deste ano. E que o Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes, o primeiro a ser ocupado há 27 dias, “precisará, para repor suas aulas, de todo o mês de agosto e de sábados letivos no próximo semestre, enquanto uma escola que ficou dez dias ocupada necessitará de dez sábados ou de dez dias úteis em agosto para a reposição”.

Na mesma nota, a secretaria anuncia providências para amenizar os prejuízos, inclusive a montagem de escolas provisórias. “Para evitar que alunos contrários às ocupações, “que são maioria”, fiquem sem estudar, a Seeduc busca espaços novos para montar escolas provisórias. Outra medida adotada que pode ajudar é a autorização para transferência de alunos dos colégios ocupados.