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Número de queimados sobe quase 200% durante o Réveillon

Especialistas alertam para os riscos do manuseio de fogos de artifícios e bombinhas nesse período

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Os fogos de artifícios são uma das estrelas principais das festas de Ano Novo, colorindo o céu e atraindo a atenção de adultos e crianças. Porém, todo cuidado é pouco para que a alegria das confraternizações não termine antes da hora. De acordo com levantamento da Secretaria de Estado de Saúde, o mês de dezembro, por conta do Réveillon, é o período do ano com maior número de casos de queimados. Só em 2014, o fluxo para esse tipo de atendimento nas unidades de saúde foi de mais de 700 pessoas nessa época, sendo 185% superior que nos meses anteriores. A maior parte delas provocadas por fogos de artifícios e bombinhas.

A cirurgiã plástica Fabíola Costa, Professora Assistente no Serviço de Cirurgia Plástica do Professor Ivo Pitanguy, na 38ª Enfermaria da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, alerta para alguns cuidados que podem evitar acidentes. Um deles é observar a origem dos fogos e não usar materiais de fabricação caseira. A cirurgiã indica ainda que fogos de artifícios só podem ser manuseados por adultos, seguindo as instruções do fabricante e nunca devem ser apontados na direção de outras pessoas ou fios elétricos. “É preciso muito cuidado no momento de soltar fogos, porque o explosivo pode sair por baixo e causar ferimentos”, diz a médica.

Fabíola Costa chama atenção para como deve ser o primeiro socorro ao queimado. “Logo após o ferimento, a lesão deve ser lavada com água corrente, sem sabão, para esfriar o local e retirar as impurezas. Em seguida, o local deve ser coberto com pano limpo e úmido. Colocar gelo não é uma boa opção, já que a superfície fria queima a pele e pode piorar o estado do ferimento. Tampouco devem ser passadas substâncias como manteiga, pasta de dentes e óleo, pois podem romper a pele já fragilizada. Retirar a roupa colada à pele queimada ou estourar bolhas, também não. Desse modo seria rompida a barreira criada para proteger a pele, causando infecção. Em todo caso, o atendimento médico deve ser procurado o mais rápido possível” diz a especialista em queimaduras.

Outra preocupação é com o risco de queimaduras em pessoas alcoolizadas, que são mais frequentes no período de festas, principalmente se elas forem manipular explosivos. “Com o reflexo e o raciocínio afetados, as chances de acidentes e danos são maiores. Além disso, é prioritário lembrar que as crianças também sejam mantidas à distância dos fogos” diz Fabíola.

“As crianças pequenas devem brincar apenas com estalinhos, ainda assim, tendo um adulto por perto. Principalmente porque algumas não têm discernimento para avaliar o risco da situação, dependendo da idade, e podem se machucar com a brincadeira. Fogos de artifícios e crianças não combinam. As chances de terminar em acidente são grandes”, fala a especialista.

Acidentes com fogos de artifícios podem gerar diversos tipos de queimaduras, que variam do segundo ao terceiro grau. Se for um ferimento pequeno, é considerada queimadura leve. Nos outros casos, já é de gravidade moderada. É grave quando a queimadura de segundo grau atinge rosto, pescoço, tórax, mãos, pés, virilha e articulações ou uma área muito extensa do corpo. Quando atingem articulações como mãos, por exemplo, as áreas podem sofrer limitações de movimentos.

As de segundo grau podem atingir epiderme e derme, camada mais profunda da pele. O local fica vermelho, inchado e com bolhas. Há liberação de líquidos e a dor é intensa. Quando a queimadura é de terceiro grau o quadro é grave. Ela atinge todas as camadas da pele, podendo chegar aos músculos e ossos. Nesse caso, os nervos são destruídos e não há dor. Mas a vítima pode reclamar de dor devido a outras queimaduras, de primeiro e segundo grau. A aparência deste tipo de ferimento é escura (carbonizada) ou esbranquiçada. O tratamento para recuperação é cirúrgico, doloroso e pode levar anos, com uma série de intervenções cirúrgicas para tentar refazer as áreas lesionadas, através de cirurgias plásticas funcionais e estéticas.