ASSINE
search button

Uerj: após ocupação, alunos pressionam governo pelo pagamento de bolsas

Por determinação da reitoria, atividades acadêmicas foram suspensas na última semana 

Compartilhar

Nesta terça-feira (1°), se completa uma semana que o reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Ricardo Vieiralves, determinou a suspensão das atividades acadêmicas por motivos de insalubridade, oriundos da falta de pagamentos aos servidores terceirizados que prestam serviços de limpeza e segurança nos campus da universidade. O prazo inicial para o retorno das aulas era nesta terça-feira, porém, na noite da última segunda-feira (30), os alunos ocuparam o campus da Uerj, no Maracanã, Zona Norte do Rio.

Além da falta de pagamento aos terceirizados, os alunos alegam que os bolsistas estão há mais de um mês sem receber o auxilio que os permite realizar os estudos. Um aluno que recebe a bolsa tem direito a receber uma ajuda de custo no valor de R$ 400 que não está acontecendo. Segundo os estudantes, esse valor tem como finalidade cobrir os custos com passagens, alimentação e xerox de quem não têm condições financeiras. De acordo com os alunos, esse valor não sofre reajustes há seis anos, ao contrário dos serviços pelos quais ele é direcionado.

O Jornal do Brasil entrou em contato com o estudante Marcelo Cruz, aluno do terceiro ano de engenharia civil da Uerj, que está entre os que estão acampados no campus da universidade.

“Estamos acampados, ocupamos o campus para pressionar contra esse absurdo que é a situação pela qual a faculdade está passando. Não é a primeira vez que isso acontece em três anos que eu estou cursando aqui. O governador fala que não tem condições de pagar os servidores. Com isso os serviços como limpeza e segurança ficam afetados. Nós queremos pressionar o governador também em relação ao pagamento das bolsas que estão suspensas. Temos colegas que não estão vindo para a faculdade há mais de mês, pois o repasse das bolsas não esta sendo feito”, contou o estudante.

Marcelo lembrou que no ano passado a Uerj enfrentou problema semelhante, inclusive com a crise de violência tomando proporções assustadoras e a situação insustentável de sujeira espalhada pelo campus.

“No último ano a situação também chegou a esse ponto. Na realidade acho que foi até pior. Nós chegamos ao ponto de ter aluno sendo assaltado, a mão armada, dentro da faculdade. O campus está nojento, parece que não é feito uma limpeza a séculos, parece não, de fato não está sendo feita a limpeza”, reclamou.

Na última semana, quando o reitor da universidade, Ricardo Vieiralves, determinou a paralisação das atividades, o JB conversou com a professora do instituto de ciências sociais e presidente da Associação dos Docentes da Uerj (Asduerj), Lia Rocha, que lamentou a situação pela qual a Uerj está passando. Segundo a professora, a decisão do reitor foi tomada de maneira arbitrária.

“A Asduerj já vem denunciando essa situação pela qual a faculdade está passando há muito tempo, todo mundo esta acompanhando. Ano passado já aconteceu uma situação semelhante e as férias foram antecipadas. Nossa questão é a atitude arbitraria do reitor, pois ele tomou a decisão de suspender as atividades sem conversar com os acadêmicos e sem falar com os órgãos que regulam o calendário. Nós discordamos da forma que a decisão foi tomada, pois deveria ter acontecido em parceria com os conselheiros da universidade”, comentou Lia Rocha.

>> Reitoria suspende atividades da Uerj por uma semana

>> Alunos ocupam prédio da Uerj

O comentário da professora sobre a arbitrariedade em torno da decisão do reitor vai de encontro com a opinião dos alunos, segundo Marcelo Cruz explicou.

“A decisão de suspender as atividades, tomado pelo reitor na semana passada teria mesmo que ser tomada, porém não da maneira como foi. Ele não pode tomar esse tipo de decisão sem antes se reunir com os representantes dos professores e dos alunos, ele agiu como um ditador, de uma maneira arbitrária”, falou o estudante, indo de encontro com as declarações da professora.

A ocupação dos estudantes está sendo apoiada por políticos como o deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) e o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol-RJ). Ambos manifestaram apoio através de seus perfis oficiais no Facebook.

"A luta dos estudantes, servidores e professores da Uerj é mais que digna nesta realidade de descaso sistemático com a educação do Estado do Rio de Janeiro." Comentou Marcelo Freixo.

Segundo os líderes do movimento, a ocupação é de reivindicação e será mantida até que os pagamentos sejam feitos.

No site oficial da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o reitor, Ricardo Vieiralves, assinou uma nota na qual diz classifica a manifestação dos estudantes como “legítima e motivada”.