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Arco Metropolitano tem problemas um ano após inauguração do primeiro trecho

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A presidenta Dilma Rousseff inaugurou o primeiro trecho do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro em julho do ano passado, ligando Duque de Caxias a Itaguaí, na Baixada Fluminense. Pouco mais de um ano após a inauguração, a obra já apresenta desafios, conforme demonstrado terça-feira (29) durante seminário promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), no Teatro Sesi Caxias.

Os 145 quilômetros do Arco ligam a região metropolitana do Rio de Janeiro à Baixada Fluminense, englobando os municípios de Itaboraí, Guapimirim, Magé, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Japeri, Queimados, Seropédica e Itaguaí.

Os desafios são na área de mobilidade, ocupação do solo e segurança, informou à Agência Brasil o economista William Figueiredo, especialista em Desenvolvimento Econômico do Sistema Firjan. Segundo ele, o roubo de cargas aumentou 44% na Baixada Fluminense desde a abertura do arco rodoviário. “Nos primeiros 12 meses, foram 3,6 mil ocorrências”. No Arco Metropolitano, o roubo de cargas representa 13,2% do roubo de cargas do estado. “Estamos falando de 300 roubos por mês ou dez roubos por dia”, afirmou.

Considerada porta de entrada do Rio de Janeiro e de saída do estado para São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, a rodovia foi criada, de acordo com o economista, para dinamizar o fluxo de cargas. Figueiredo disse que o arco foi construído sem planejamento do sistema de policiamento para seu entorno. “Ele é uma rodovia federal, de competência de gestão da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que tem de agir em parceria com os batalhões de Polícia Militar da Baixada.”

Para o economista, falta interação entre as polícias. Acrescentou que os usuários não dispõem de nenhuma cabine fixa de polícia ao longo do arco rodoviário. "Em caso de necessidade de ajuda ou para registro de ocorrência, não há como dar apoio aos motoristas."

A solução do problema terá de esperar a aprovação, pela Assembleia Legislativa (Alerj), do projeto de criação da Agência Executiva da Região Metropolitana, que desenvolverá um plano de segurança pública para a área. A proposta foi enviada à Alerj dia 9 deste mês pelo governador Luiz Fernando Pezão.

William informou que o roubo de cargas preocupa as indústrias que usam o arco. “Com medo, elas não demandam a via e acabam sobrecarregando outros acessos, como a Linha Amarela e a Via Dutra”. Segundo ele, a Refinaria Duque de Caxias (Reduc), da Petrobras, e indústrias de produtos com matérias-primas da Reduc poderiam utilizar o arco para escoamento da produção, principalmente pela diminuição do custo logístico.

Estudo da Firjan de 2008 indicou que a redução dos custos de transporte pelo arco cairia, no mínimo, 10%, podendo alcançar até 20% na região do Vale do Paraíba. O risco de favelização já identificado ao longo da rodovia prejudica as empresas e poderá, no futuro, transformá-la em uma via de população, Conforme o estudo, a insegurança pode, no futuro, alterar a destinação do Arco Metropolitano, "transformando-o em uma nova Via Dutra, cheia de moradias e negócios ao longo do seu trajeto e engarrafada a qualquer hora do dia”.

A Firjan e a Câmara Metropolitana de Integração Governamental do Rio de Janeiro já mapearam todos os terrenos ao longo do arco, identificando áreas possíveis para instalação de indústrias e de mini-bairros, de forma a colocar a população próxima do local de trabalho e, desse modo, evitar o deslocamento desnecessário de pessoas.

Prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso disse que as soluções para o arco devem ser buscadas em ação conjunta entre os governos federal, estadual e municipal. O secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osório destacou a vocação da rodovia para ser “o maior Centro de Plataforma Logística do país”. Para isso, defendeu que haja uma melhor gestão sobre a via, em parceria com os municípios que ela atravessa.