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MPF apura violação de direitos humanos na invasão da CSN pelo Exército em 88

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O Ministério Público Federal (MPF) em Volta Redonda (RJ) instaurou inquérito civil público para apurar a responsabilidade do Estado Brasileiro pelas mortes dos operários Carlos Augusto Barros, Walmir de Freitas Monteiro e Willian Fernandes Leite após a invasão do Exército para reprimir o movimento grevista na Companhia Siderúrgica Nacional em 9 de novembro de 1988.

O inquérito foi instaurado após representação da Comissão Municipal da Verdade Dom Waldyr Calheiros, que destacou a violação de direitos humanos ocorrida no episódio. A greve havia sido deflagrada em 7 de novembro de 1988, com reivindicações como a implantação do turno de seis horas aprovado pela Constituição então recém-promulgada e a reposição de perdas salariais do Plano Bresser.

O documento da Comissão da Verdade relata que, no primeiro dia de greve, tropas do Exército compostas por cerca de 500 soldados invadiram e ocuparam a usina. No dia 09 de novembro, às 21h30, as tropas teriam recebido ordens para atacar os três mil operários que ocupavam a usina e estavam refugiados na aciaria.

O documento da comissão descreve que três operários morreram no episódio, o que gerou comoção nacional à época. Walmir de Freitas Monteiro teria levado um tiro nas costas quando saía do refeitório, Willian Fernandes Leite teria levado um tiro no pescoço quando se escondia no alto da aciaria e Carlos Augusto Barroso teria sofrido pancadas na cabeça e esmagamento craniano. 

Com base nas informações trazidas pela comissão e por familiares, o MPF realizará oitivas e analisará pedidos de anistia e de reparações simbólicas em favor dos trabalhadores. "É um episódio que deve ser relembrado para que a verdade seja esclarecida e a população resgate a sua identidade e a sua história", afirma Julio José Araujo Junior, responsável pelo inquérito.