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Morre o escritor e historiador Joel Rufino dos Santos

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Morreu nesta sexta-feira, aos 73 anos, o professor, escritor, jornalista e historiador Joel Rufino dos Santos, em decorrência de complicações de uma cirurgia cardíaca realizada na última terça-feira (1). 

Joel era diretor- geral de Comunicação e de Difusão do Conhecimento (DGCOM) do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.  

O presidente do TJRJ, desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, lamentou profundamente a morte do amigo. “É uma grande perda para o Tribunal de Justiça, para os meios intelectuais e professores. Uma alma generosa. Que ele descanse em paz. Vamos guardar do professor os melhores exemplos. A nós, Joel Rufino vai deixar a semente do seu exemplo, de um homem dedicado ao humanismo e a causa pública”.

À frente da DGCOM desde fevereiro deste ano, Joel Rufino pontuou sua trajetória no TJRJ com iniciativas inovadoras e de destaque, vinculadas à causa pública e à cidadania. Entre elas, o desenforcamento do Tiradentes e a realização de um baile charme no próprio tribunal.

Filho de pernambucanos, nascido em 1941 em Cascadura, Zona Norte do Rio de Janeiro, Rufino mostrava aptidão para os livros ainda na infância, quando se encantava com gibis e passagens bíblicas. Seu pai também teve um papel nessa formação, presenteando-o com livros que Joel guardava em um caixote.

Começou a escrever para crianças em 1970, a convite da revista Recreio, dirigida pela escritora Ruth Rocha. Foi quando vieram à tona todas as histórias que a avó materna lhe contava: casos de curupiras, lobisomens, de bando de Lampião, boitatás.

É autor, também, de diversos livros para jovens e adultos. Receberam sua assinatura, também, três peças teatrais e duas minisséries para a TV. Recebeu prêmios, tendo sido finalista do Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da literatura infanto-juvenil.

Ainda jovem, ingressou no curso de História da antiga Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil, onde começou a sua carreira de professor. Convidado pelo historiador Nelson Werneck Sodré para ser seu assistente no Instituto Superior de Estudos Brasileiros ( ISEB ), lá conviveu com grandes pensadores, e foi um dos coautores da História Nova do Brasil, um marco da historiografia brasileira.

Foi exilado por suas ideias políticas contrárias à ditadura militar, então em vigor no país. Morou na Bolívia e no Chile. O exílio, além de impedir que o professor seguisse sua vida acadêmica, também o impossibilitou de acompanhar o nascimento do filho Nelson.  Na volta ao Brasil, foi preso três vezes. Na última, cumpriu pena no Presídio do Hipódromo ( 1972-1974 ). As cartas, muitas que escreveu para Nelson, foram, mais tarde, publicadas no livro “Quando eu voltei, tive uma surpresa”, considerado o melhor do ano (2000) para jovens leitores.

Joel Rufino foi reintegrado ao Ministério da Educação com a aprovação da Lei da Anistia e convidado a dar aulas na graduação da Faculdade de Letras e, posteriormente, na pós-graduação da Escola de Comunicação da UFRJ. Obteve, da Universidade, os títulos de “Notório Saber e Alta Qualificação em História” e “ Doutor em Comunicação e Cultura”. Recebeu, também, do Ministério da Cultura, a comenda da Ordem do Rio Branco, por seu trabalho pela cultura brasileira.

Desde fevereiro de 2015, era diretor de Comunicação e Difusão de Conhecimento do TJRJ. Essa é a segunda passagem do historiador pelo Tribunal, sendo a primeira durante a gestão do desembargador Marcus Faver.

Joel Rufino era casado com Teresa Garbayo dos Santos, autora do livro “Conversando com casais grávidos”, é pai de Nelson e Juliana e avô de quatro netos.

Confira os prêmios e indicações do escritor Joel Rufino:

Indicação ao Prêmio Hans Christian Andersen 2014; Prêmio Jabuti 1979, na categoria Literatura Infantil com o livro "Uma Estranha Aventura em Talalai"; Prêmio Jabuti 2008, na categoria Juvenil com o livro "O Barbeiro e o judeu da prestação contra o Sargento da Motocicleta"; Prêmio Orígenes Lessa 2000, na categoria O Melhor para o Jovem pelo livro "Quando Eu Voltei, Eu Tive uma Surpresa"; Indicação ao Prêmio Hans Christian Andersen 2006; Indicação ao Prêmio Hans Christian Andersen 2004.