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Entidades nacionais e estrangeiras se unem para recuperar o Rio Carioca

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Representantes da sociedade civil organizada e de entidades estrangeiras sem fins lucrativos, além de autoridades públicas estiveram reunidas na terça-feira (1º) para elaborar um plano de ação a fim de recuperar o Rio Carioca. O encontro que vai até es ta quarta-feira (2) ocorre no Parque Lage, no bairro Jardim Botânico, zona sul do Rio. A ONG Word Wild Foundation (WWF) em parceria com o Consulado holandês no Rio apresentou alternativas para a recuperção das águas, desde tratamento do esgoto de baixo custo (wetland) em comunidades sem saneamento básico à reciclagem do plástico jogado no rio, que desemboca na Baía de Guanabara.

“Cerca de 80% do lixo flutuante nos oceanos são plásticos, o que afeta toda a cadeia alimentar.  Então nessa parceria designers brasileiros e holandeses pensaram novos produtos com os plásticos coletados nos rios que desembocam na Baía de Guanabara”, disse a coordenadora do Programa Marinho e Mata Atlântica da WWF, a Anna Carolina Lobo. “Agora estamos fazendo um estudo de viabilidade técnica e econômica desses produtos. São várias propostas, desde bolsas com plásticos  coletados à “recicleta”[barraquinha com equipamentos que reciclam o plástico], para reutilizar o plástico derretido”.  

“O próximo passo é buscar investidores para tornar o projeto autossustentável”, afirmou o cônsul-geral dos Países Baixos no Rio, Arjen Uÿterlinde. A iniciativa faz parte do Programa Delta Urbano Limpo, que envolve empresas, organizações não governamentais (ONG) e agências governamentais da Holanda. O consórcio pretende ajudar, em parceria com as autoridades brasileiras e os movimentos sociais, a limpar a Baía de Guanabara e a Lagoa Rodrigo de Freitas. Para o cônsul, a experiência tecnológica de seu país no tratamento e recuperação de rios pode ser muito útil para o Brasil.

“Trata-se de uma corresponsabilidade para com a causa brasileira. Também queremos mostrar que o lixo tem muito valor e pode fazer a economia circular”, disse ao adiantar que o consulado está em contato com empresas holandesas com experiência no ramo da reciclagem, gestão de resíduos sólidos, de água, entre outras.

No caso específico do Rio Carioca, estão sendo elaborados projetos de educação ambiental para as pessoas que visitam a Floresta da Tijuca, criação de trilhas ecológicas até a nascente do rio, que fica dentro do Parque Nacional da Tijuca. As inciativas terão colaboração do movimento da sociedade civil “Carioca, rio do Rio”, criado por pesquisadores e amantes do Rio e ambientalistas.  “Precisamos voltar a ter contato com esse rio, recuperar o patrimônio histórico cultural e ambiental, renaturalizar o rio e replantar a floresta que nas margens”, afirmou a representante do movimento, Silvana Gontijo.

O rio que deu nome a quem é natural da cidade do Rio de Janeiro está atualmente todo poluído por lançamentos clandestinos e submerso na malha urbana em quase toda a sua extensão. Ele nasce na Floresta da Tijuca, percorre os bairros de Cosme Velho e Laranjeiras e deságua na Praia do Flamengo, na zona sul.

O secretário de Ambiente, André Corrêa, disse que a secretaria iniciou um estudo para avaliar a viabilidade da restauração patrimonial do Reservatório Mãe D'água, em Santa Teresa, zona sul, construído no século 19, atualmente desativado e em mau estado de conservação.  Segundo ele, O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) pode ser um dos financiadores do projeto. “Está no nosso planejamento resgatar o Rio Carioca, sobretudo seu primeiro trecho, da nascente à Mão D'água, que originou Arcos da Lapa. Já fizemos um levantamento sobre todas as vazões do Rio, já contratamos um arquiteto para fazer um orçamento do projeto do local que é tombado. Nesse primeiro momento é descobrir o que fazer e quanto custa”.