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Trio é detido com “brigadeiros mágicos” no Rio

Doces continham maconha na receita e eram vendidos na Lapa

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Era pra ser apenas mais uma noite de boas vendas das dezenas de “brigadeiros mágicos” em meio à frenética noite da Lapa, bairro boêmio do Rio de Janeiro. Mas o negócio desandou para três jovens flagrados com a mercadoria “batizada” na madrugada de sábado para domingo. Com o trio, agentes da Operação Lapa Presente – formada por policiais militares e agentes civis – encontraram 64 brigadeiros recheados de chocolate... e maconha. Sem ter como negar os ingredientes dos “doces mágicos”, eles confessaram o segredo da receita e acabaram levados para a delegacia.

Segundo os responsáveis pela Operação Lapa Presente, que tenta pôr ordem na agitada noite do bairro, o grupo chamou atenção ao anunciar os brigadeiros “mágicos” na rua. Com Denis da Costa Corrêa, de 23 anos, Emily de Souza Lopes da Silva, de 22 anos, e Amilton Sérgio de Lima Costa, de 28 anos, foram encontrados, além dos brigadeiros, alguns cigarros de maconha e R$ 830.

Para provar que o doce mais apreciado pelos brasileiros tinha recebido um “up grade”, amostras dos brigadeiros foram enviadas para análise minuciosa. No Instituto de Criminalística Carlos Éboli, responsável por ajudar na elucidação de crimes que entraram para a história do país, bateu-se o martelo: havia “cannabis” misturada ao chocolate e ao leite condensado. Os jovens foram então autuados por estarem vendendo "alimento impróprio para o consumo”.

‘Era só um brigadeiro ruim’ 

Quem frequenta a noite do Rio já se cansou de ver jovens, a maioria estudantes, tentando levantar um dinheiro extra, vendendo brigadeiros mágicos por aí. Na Lapa, na Pedra do Sal, na Praça São Salvador, para citar apenas três dos muitos pontos públicos de concentração de jovens, lá está ele, o “doce da alegria”, como alguns costumam brincar. Em tempos de discussão sobre a legalização da maconha, moradores e turistas usuários parecem ter aderido de vez à onda. Se tem muita gente vendendo é porque tem muita gente comprando. E gostando.

Em dezembro de 2014, ao elaborar uma reportagem sobre o início do verão carioca, o Terra ouviu de turistas e moradores que aquele poderia ser “o verão do brigadeiro de maconha”. Vem de um turista de São Paulo, aliás, a indignação com a qualidade dos brigadeiros produzidos no Rio. "É tão arcaico discutir esse tipo de coisa ainda. Como se isso não fosse uma realidade em qualquer lugar do mundo. A questão seria: quando é que vão vender um brigadeiro com alta concentração de maconha? O que eu comi no Rio era só um brigadeiro ruim", dispara, entre o tom brincalhão e o de consumidor que está prestes a acionar o Procon.

Outro turista, também de São Paulo, lamentou o caso e a viagem frustrada para os três jovens naquela madrugada: “As prisões me causam chateação. Uma vez fui abordado no Rio por uma vendedora de brigadeiro, e ela me pareceu apenas estar aproveitando um evento em que boa parte do público estava disposta a comprar a sobremesa”. Ele diz que o problema reside não em quem vende, mas na falta de disposição da sociedade para discutir o tema da legalização da maconha.