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Menina vítima de intolerância religiosa visita escola judaica no Rio

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A adolescente Kayllane Campos, de 11 anos, vítima de intolerância religiosa, ao ser atingida por uma pedra quando saía de um centro espiritualista na Vila da Penha, subúrbio do Rio, visitou hoje (3) a Escola Eliezer Max, no bairro das Laranjeiras.

A escola judaica quis aproveitar o momento para propor aos alunos uma reflexão sobre a diversidade e os valores necessários para uma abordagem pacífica e humana das relações sociais, fundamental para a formação dos jovens. Segundo a diretora Telma Polon, iniciativas como essa são parte da filosofia do colégio. “Isso faz parte do nosso posicionamento. Tentamos reforçar sempre essa luta contra a opressão e defender o respeito ao próximo. E o mais legal é que até as crianças entendem esse pensamento e pedem mais atitudes como essa.”

O coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Michel Gherman, reforçou a ideia da diretora. "É importantíssimo informar os alunos sobre o direito à igualdade. O ocorrido foi algo lamentável, pois fere nossa democracia. Então, achamos necessário convidá-la para fazer essa visita.”

O coordenador da Comissão do Combate à Intolerância Religiosa e líder do candomblé, Ivanir dos Santos, que participou do encontro, fez um alerta para que o combate ao preconceito religioso não gere ainda mais discriminação. “Não é porque a Kayllane foi atacada por um grupo de evangélicos que vamos achar que todos são assim. Há que buscar o diálogo, não ficar contra os evangélicos, mas sim contra o pensamento fascista, que foi o que gerou a agressão.”

Na opinião de Ivanir, o sentimento de ódio vai além das crenças. ”Isso não é algo religioso. O que gera essa raiva é o desejo, a ganância pelo poder, e é isso que certos grupos têm.”

Muito aplaudida por alunos de todas as idades, em um auditório lotado, Kayllane, muito tímida, não quis falar, mas sua mãe, Karina Coelho, que é evangélica, fez questão de agradecer o carinho recebido pela adolescente. ”Fico muito feliz com essa recepção. Afinal, vocês também são pessoas que sofrem esse tipo de intolerância. É uma pena isso partir de algo lamentável que aconteceu com minha filha, mas estamos todos aqui reunidos porque, por mais que sejamos de crenças diferentes, no final das contas, só queremos a paz.”