ASSINE
search button

Ministra Izabella Teixeira defende pacto pela despoluição da Baía de Guanabara

Compartilhar

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse hoje (1º) que governo e prefeituras do Rio de Janeiro deveriam fazer um plano, de longo prazo, com responsabilidades específicas, para despoluir a Baía de Guanabara, que receberá mais de 300 atletas para provas da Olimpíada de 2016, que será realizada na capital do estado.

Embora seja um dos principais cartões postais da cidade, a qualidade da água da Baía de Guanabara é questionada por especialistas, que sugerem um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para pactuar esforços e limpar de uma vez o local.

“Se alguém acha que vai limpar [a Baía de Guanabara], de quatro em quatro anos, sinto muito, mas chama Pedro Álvares Cabral, volta no tempo [porque não vai]”, disse a ministra, em evento no Tribunal de Justiça do Rio. Para ela, é preciso um compromisso.

“Ou se pactua o que os governos efetivamente têm que fazer, qual será a participação dos municípios, se tem [definida a] capacidade financeira para rede coletora [de esgoto], ou então, não tem condições”, disse a ministra.

A solução, na opinião de Izabella Teixeira, levará de 20 a 30 anos, com a participação da sociedade, que deve pressionar as prefeituras por saídas permanentes para o tratamento de esgoto e do lixo. “Mais da metade de esgoto de mais de nove milhões pessoas cai in natura na Baía de Guanabara, o que é inaceitável”, lembrou o deputado estadual Carlos Minc, ex-secretário estadual do Ambiente e ex-ministro da pasta. Nos últimos sete anos, informou ele, o tratamento de esgoto na região metropolitana subiu de 15% para 45%, o que significa que “Mais da metade não é tratado”.

Segundo Minc, o saneamento é muito caro para os municípios, que precisam atuar em conjunto. A ausência de políticas de resíduos sólidos e mais consciência da população são igualmente importantes, segundo ele, pois “A pessoa, na Baixada Fluminense, não sabe que o lixo que joga no chão vem parar na baía”.

O secretário cobrou, como solução do problema, financiamento das obras pela Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae), que detém a concessão de água e esgoto. Procurada, a empresa não esclareceu se tem um plano de investimento em saneamento na região metropolitana.

Desde a década de 90, a baía recebe programas de despoluição descontínuos, que sofrem com a falta de investimentos. O gerente de Operações da Marina da Glória, na baía, Ricardo Ermel, relata que a incidência de manchas de óleo na água diminuiu nos últimos anos, mas que a quantidade de lixo flutuante aumentou, prova que o lixo continua sendo despejado no local.

A ministra Izabella Teixeira participou, hoje, no Rio, da assinatura de acordo para programa de gestão ambiental, entre a pasta e o tribunal de Justiça. O convênio prevê, por exemplo, Plano de Gerenciamento de Resíduos, de eficiência energética e padronização de editais de licitação com a adoção de critérios de sustentabilidade e o testo verde nas edificações.

No TJ, a ministra também falou sobre a responsabilidade dos cidadãos comuns com o meio ambiente, que devem repensar em reduzir o lixo, além do consumo de energia elétrica e de água. “Antes a mãe dizia: eu não sou sócia da Light. Agora [tem que dizer] 'não quer fechar a torneira, não, minha filha? Tá pensando que sou sócia da Cedae'”, brincou.

No momento em que o país também discute a falta de água, ela lembrou que o governo federal está investimento no principal sistema de abastecimento de água no Rio, o Guandu, e informou que analisa o financiamento da obra para reduzir o volume de água desperdiçada.