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Grupo de sem-teto no Rio ocupa sexto endereço em menos de um mês

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Parte do grupo de sem-teto que participou das ocupações do terreno da Cedae, em março, e da antiga sede do Flamengo, no início deste mês, está ocupando desde a noite de sexta-feira (24), um prédio de três andares, no Centro da cidade. Esse é o sexto endereço do grupo em menos de um mês, já que nesse período, eles também ocuparam por algumas horas um prédio na zona portuária e tiveram que dormir por vários dias em duas praças.

E, provavelmente, não será a parada definitiva do grupo, já que, segundo os próprios sem-teto, eles se comprometeram a sair do imóvel até terça-feira, a pedido do proprietário do edifício. No caso da Cedae e da antiga sede do Flamengo (este propriedade do empresário Eike Batista), as famílias foram retiradas por decisão judicial.

Depois de sair do Flamengo, na zona sul, o grupo passou a acampar na praça da Cinelândia, no centro da cidade. Eles ficaram ali por dez dias, até que a Secretaria Municipal de Ordem Pública e a Guarda Municipal determinaram sua saída, sob a justificativa que eles não poderiam montar estruturas, como colchões e divisórias improvisadas, em espaço público.

Na madrugada de sexta-feira, então, o grupo entrou em um imóvel desocupado na zona portuária. A ocupação durou apenas cerca de duas horas, já que os sem-teto aceitaram deixar o local depois de um acordo com a Polícia Militar.

O grupo foi então para a praça da Cruz Vermelha, também no Centro da cidade, ainda de madrugada. Mas a Guarda Municipal impediu que eles mantivessem os colchões abertos no chão da praça. À noite, o grupo decidiu entrar no outro imóvel desocupado, onde está neste momento.

“Nós já falamos com o proprietário e vamos sair numa boa. Nosso objetivo não é ficar com nada de ninguém. Nosso objetivo é só uma moradia, um canto para a gente ficar. Estamos cansados. Não tem condições. Há crianças, idosos, pessoas com problemas de saúde, como asma. Como é que vamos ficar com as pessoas na rua desse jeito”, disse Chrys Costa, professora de 52 anos, que está desempregada.

Chrys conta que participou das ocupações da Cedae e da antiga sede do Flamengo porque não tinha mais condições de pagar o aluguel de um imóvel na favela de Manguinhos, na zona norte, que, segundo ela, custava cerca de R$ 500 por mês. “Ganho R$ 240 do Bolsa-Família, como vou pagar um aluguel de R$ 500?”, disse.

Na última semana, a prefeitura, o governo do estado e a Defensoria Pública fizeram um cadastramento das pessoas que participaram da ocupação da antiga sede do Flamengo, para traçar um perfil dessas famílias e incluí-las em programas governamentais.

Na ocasião, o defensor público-geral do Estado, André Luiz Machado de Castro, disse que o órgão iria buscar uma solução para as famílias. "A defensoria está organizando e vai pleitear por moradia, inclusive judicialmente. Essa é uma solução que pode não ser imediata, mas estamos lutando por isso", disse na quarta-feria (22).