ASSINE
search button

Famílias retiradas de prédio no Flamengo continuam sem teto no centro da cidade

Subsecretária de Assistência Social disse que não é possível tomar medidas imediatas

Compartilhar

Após mais de uma hora de reunião na Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, não houve acordo sobre o local para onde vão as cerca de 350 pessoas retiradas do edifício Hilton Santos, no Morro da Viúva, área nobre do bairro do Flamengo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Segundo o líder do grupo, Alexandre Pereira da Silva, os sem-teto vão continuar na Cinelândia, no Centro da cidade,  até, pelo menos, quarta-feira (22), quando será feito um mutirão para atualizar os dados das cerca de 80 famílias nos programas sociais dos governos municipal, estadual e federal. “Na reunião não decidimos nada, não deu em nada; deu em pizza, só mentira, enganação mais uma vez. falaram que iam arrumar um lugar e não arrumaram. Eles ofereceram abrigo, mas a gente não quer abrigo”.

Alexandre considera válida a iniciativa do mutirão acertado na reunião de quarta-feira (15). “Eles [assistentes sociais] vão ao auditório da Defensoria Pública fazer aquele mutirão, ver pessoa por pessoa, e estão prometendo nos ajudar. Então, eu vou esperar mais uma vez, até quarta-feira, para ver o que vai ser decidido. Esse cadastro vai ver porque parou aluguel social [pagamento] e porque a pessoa não ganha Bolsa-Família, e isso é interessante para nós. Um atendimento mais atencioso, com certeza”, disse ele.

De acordo com a subsecretária de Assistência Social e Descentralização da Gestão, Neuma de Azeredo, o governo reconhece que a demanda do grupo é legítima, mas não é possível tomar medidas imediatas.

“Não estamos conseguindo atender ao pleito que eles estão fazendo. Eles são oriundos de duas invasões e a solução única é disponibilizar um prédio público para eles residirem, e isso não podemos fazer porque seria uma invasão formal, vamos dizer assim. Estamos apoiando e consideramos que o pleito é legítimo, mas a forma está equivocada. E quando a forma está equivocada, num estado democrático, é preciso garantir o direito de todos, não só de um grupo que está pleiteando legitimamente moradia”.

Neuma explica que o mutirão será feito junto com a Defensoria Pública, o Ministério Público e a Prefeitura, para incluir ou atualizar os dados de cada família no CadÚnico do governo federal.

“Eles não vão ficar todos na Cinelândia: uma grande parte tem residência de referência, de parente, família extensa, e o que estávamos propondo para eles é que fossem para a casa de familiares para que, até quarta-feira possamos identificar o problema específico de cada família. Posso lhe garantir que alguns vão para a casa de parentes e um pequeno grupo vai permanecer na Cinelândia, porque esse é um movimento legítimo que está querendo mostrar para nós, governantes, que existe um déficit e que eles têm direito constitucional à habitação, e nós não vamos negar isso”.