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Movimentos sociais fazem manifestação por moradias no centro do Rio

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Movimentos populares fazem nesta quarta-feira (15) manifestação, no centro do Rio, em defesa do direito à moradia, pela função social da terra e contra o ajuste fiscal proposto pelo governo federal. A concentração foi no Largo da Carioca, de onde os manifestantes saíram em passeata até o prédio do Ministério da Fazenda, no centro. Lá, o grupo, juntou a outros participantes e ocupou, pacificamente, o hall de entrada do ministério. Eles foram acompanhados pelos seguranças do edifício.

O ato foi organizado pela Central dos Movimentos Populares, pela Confederação Nacional das Associações de Moradores, pelos movimentos de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas, Nacional de Luta pela Moradia e pela União Nacional por Moradia Popular.

A coordenadora estadual do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, Maria de Lourdes Lopes, conhecida como Lourdinha Lopes, criticou a destinação de investimentos federais repassados ao Rio. “Os investimentos que têm vindo oncentram-se em uma diretriz de valorizar o solo para a especulação imobiliária, de remover e tirar os pobres daquele lugar”, comentou Lourdinha, em entrevista à Agência Brasil.

Entre os locais onde, segundo Lourdinha, está ocorrendo esse tipo de ação, ela destacou projetos no Porto Maravilha, na Vila Autódromo, na Comunidade do Horto, no Metrô Mangueira e no Campinho. “Investe-se em construção de grandes vias para a Copa e as Olimpíadas, em parques olímpicos, mas, para isso, tiram as pessoas que moram ali e levam para qualquer lugar e ninguém sabe para onde.”

De acordo com Lourdinha, os movimentos querem um encontro com a presidenta Dilma Rousseff para discutir a plataforma de reforma urbana. Para a representante do Movimento de Luta por Moradia, é preciso pôr um freio nos instrumentos que incentivam e inflam a especulação imobiliária e fazer avançar a democratização da cidade como controle do solo urbano e da destinação dos imóveis de uso público e privado. 

“Queremos que pare essa política de remoção nacional, ou que no mínimo o governo federal retire os seus investimentos dos municípios e estados que têm uma política sistemática de remover os pobres.”

Ela destacou que a plataforma de busca da moradia não defende nem a saída, nem a permanência da presidenta Dilma Rousseff no cargo. “Nosso lado é o dos direitos, da igualdade, da justiça. É o lado que a gente acredita que seja da esquerda, que é onde cabem todos os que queiram partilhar.”

O coordenador nacional da Central dos Movimentos Populares, Marcelo Edmundo, lembrou que a destinação de imóveis da União para fins sociais é uma luta antiga e que no Rio, depois de muitas tentativas, foram liberados dois terrenos na Gamboa, zona portuária da cidade. “Vamos construir 116 apartamentos. Estamos, há sete anos, com um grupo que fez pelo menos uma reunião por mês preparando o projeto, que já está pronto. Na semana que vem, vamos assinar com a Caixa Econômica o financiamento. Vamos ter 116 famílias de baixa renda em uma área muito valiosa. É uma vitória do movimento”, disse Edmundo à Agência Brasil.

A coordenadora da União Nacional por Moradia Popular, Jurema da Silva Constâncio, chamou a atenção para a lentidão na liberação dos imóveis da União para instalação de projetos de moradia popular. “Tem famílias aqui que já estão há dez anos na fila, esperando. A cada momento, chegam de 30 a 40 famílias novas, também revindicando moradia, e não temos moradias para oferecer.”De acordo com Jurema, um dos fatores para o aumento da procura de moradia é a inclusão de jovens. “Hoje tem muito jovem casando cedo. O objetivo dele é ter logo a moradia. Existem grupos organizados propondo-se a fazer esse trabalh,o e eles estão se filiando [a movimentos sociais] para que tenham direito a conquistar a moradia o mais rápido possível. Só que não sai tão rápido assim.”

Jurema adiantou que, no dia 1º de maio, será entregue um projeto que vem sendo analisado há 16 anos. Nesse dia, 70 famílias receberão o certificado de conclusão das moradias na antiga Colônia Juliano Moreira, na zona oeste do Rio. É o primeiro projeto de mutirão no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida Entidades no Rio de Janeiro.

O ato de hoje terminou nas escadarias da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, para onde os manifestantes seguiram depois de deixarem o prédio do Ministério da Fazenda. Segundo Jurema, a concentração no Largo da carioca reuniu 200 manifestantes. Na chegada a Alerj, de acordo com a coordenadora, o manifestação contava com a participação de 600 a 800 pessoas. Não havia policiais militares no local para informar o número de  manifestantes.