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TJRJ promove evento sobre crise hídrica

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A ausência de chuvas não é o único motivo da crise hídrica que atinge a Região Sudeste. Esta é a conclusão dos especialistas Jander Duarte Campos, José Paulo Soares de Azevedo e Paulo Roberto Ferreira Carneiro, que falaram sobre o tema no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) na manhã desta terça-feira, dia 31.

Segundo o presidente da Comissão de Políticas Institucionais para Promoção da Sustentabilidade (Cosus), desembargador Jessé Torres, este foi o primeiro evento de um ciclo de palestras sobre crise hídrica. A ideia é abrir espaço para orientações, reflexões e análises sobre diversas vertentes a respeito do assunto. “Espero que saiamos todos enriquecidos e bem advertidos para enfrentar os desafios”, desejou o magistrado. A juíza do TJRJ Admara Schneider também compôs a mesa. “Não podemos estragar o meio ambiente porque dependemos dele”, alertou.

Para o biólogo Paulo Roberto Ferreira Carneiro, a Região Sudeste atravessa uma crise sem precedentes. O especialista ressaltou que há vários fatores que contribuem para a falta de água. “Não é só porque choveu menos nesses dois anos”, afirmou, citando problemas de abastecimento, o desmatamento da Floresta Amazônica e a destruição da Mata Atlântica pelo ciclo do café entre os pontos de origem do problema enfrentado atualmente. Para ele, o Sudeste nunca foi objeto de preocupação séria em relação à escassez hídrica. O biólogo citou que o Rio de Janeiro é fortemente dependente da bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul, que abastece cerca de 75% do estado do Rio de Janeiro, além dos estados de Minas Gerais e São Paulo. Ele destacou ainda que cerca de 15% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional são gerados por municípios da bacia do Paraíba do Sul. “Isso demonstra a importância de gerir bem os recursos hídricos dessa bacia hidrográfica”, ressaltou, destacando ainda que há déficit de saneamento. “A Região Metropolitana do Rio vive uma situação de insegurança hídrica”, disse.

O engenheiro civil Jander Duarte Campos acredita que a crise hídrica é a oportunidade que se tem para resolver a questão de uma vez por todas. “Desejo que dessa crise se encontre uma saída”, afirmou, citando também a falta de consciência ambiental, o crescimento populacional e a falta de planejamento de ações para aumentar a oferta hídrica entre os fatores geradores da crise. O especialista apontou soluções como controle e redução de perdas, reuso da água, abono e penalização tarifária e aproveitamento de água da chuva, além de programas de conscientização da população e o estabelecimento de novos padrões de consumo.

Já o engenheiro civil José Paulo Soares falou sobre a origem da água e como garantir sua oferta. Ele destacou que a questão não se resume à falta de água de abastecimento humano na capital paulista e que a solução não passa somente por economia de recursos hídricos por consumidores finais. “A crise de água não é percebida na cidade do Rio de Janeiro. Não estamos em uma situação de conforto”, alertou, defendendo ainda o investimento nos mananciais (rios, reservatórios superficiais e reservatórios subterrâneos naturais), de onde vem a água tratada que consumimos, e a construção de reservatórios a longo prazo. “Os rios e reservatórios na Região Metropolitana do Rio de Janeiro não têm água suficiente para abastecimento”, destacou.

O evento, organizado pela Comissão de Políticas Institucionais para Promoção da Sustentabilidade (Cosus) e pelo Departamento de Ações Pró-Sustentabilidade (Deape), ambos do TJRJ, foi transmitido por videoconferência aos demais Núcleos Regionais. Representantes da Cedae, do Jardim Botânico, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e do Tribunal de Contas do Estado (TCE) compareceram à palestra.