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Grupo protesta contra obras na Marina da Glória

Manifestantes querem preservação do projeto original e reclamam que não houve audiência pública

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Um grupo de manifestantes se reuniu neste sábado (31/01) no Parque do Flamengo em um ato “contra a privatização da Marina da Glória, e pelo embargo das obras e a preservação do Parque do Flamengo”.

A concessionária BR Marinas está instalada no local, onde trabalha no projeto de revitalização da Marina da Glória e adequação para receber os Jogos Olímpicos de 2016, assinado pelo arquiteto Eduardo Mondolfo. A obra prevê a ampliação das vagas para embarcações (de 240 para 655). Além disso, a BR Marinas garante que “a Marina da Glória ampliará suas áreas abertas ao público e estará totalmente integrada ao Parque do Flamengo”.















O grupo carregava cartazes com dizeres recriminando a prefeitura do Rio e a concessionária. Eduardo Paparguerius, 55 anos, é morador da Glória e um dos principais organizadores do movimento que pede o imediato embargo dessas obras e a restauração do parque de acordo com seu plano original.

Ele reclama da maneira como as obras começaram: “Todo mundo foi pego de surpresa. Em pleno feriado de Natal e Ano Novo, máquinas pesadas foram chegando e começaram a derrubar várias árvores. A previsão é de que cortem mais de trezentas e dizem que vão replantar 3000 mudas. Mas a gente sabe que são poucas as que crescem. E quem vai monitorar isso?”  

Entidades sociais defendem a mesma causa: o grupo Aterro Vivo, a Federação das Associações de Moradores do Rio (FAM-Rio), a Associação dos Amigos de Santa Teresa e a Federação de Remo do Rio de Janeiro. “Os remadores foram prejudicados porque a rampa de acesso destruída”, diz Eduardo.

“Se tudo tivesse sido feito com uma audiência pública, seria diferente. Mas foi na calada da noite, sem consultar o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), nem o escritório Burle Marx. Não há parecer de ninguém. A arquiteta Cláudia Girão fez vários laudos contrários. Querem empurrar essa obra de qualquer jeito”.

Eduardo critica ainda o que considera uso de um bem público a favor de interesses privados. Segundo ele, a Marina da Glória “é a jóia comercial da região porque fica pertinho do aeroporto Santos Dumont e de lá a pessoa já pega o barco que fica atracado ali”.  

O Parque do Flamengo é patrimônio da União Federal e foi tombado em 1965. O projeto de paisagismo foi liderado por Roberto Burle Marx e o arquiteto urbanista do Parque foi Affonso Eduardo Reidy, também autor do projeto do Museu de Arte Moderna (MAM). 

Em nota oficial, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente informa que licenciou “o corte de 298 espécies arbóreas entre árvores e arbustos. Das quais 30 já estavam mortas, para as obras da Marina da Glória. A medida compensatória contempla o plantio de 3.082 novas árvores de Mata Atlântica na região".

Já a nota do grupo BR Marinas garante que “o projeto segue todas as legislações vigentes e foi aprovado por todos os órgãos públicos competentes, incluindo o Iphan e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente”.

A empresa assegura também que “toda a questão paisagística da obra está sendo feita seguindo a consultoria do escritório Burle Marx, responsável pelo projeto original do Parque do Flamengo”.A nota diz que “o projeto, de R$ 60 milhões, será pago integralmente pelo Grupo BR Marinas, sem qualquer participação de verba ou financiamento público".