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Porto Maravilha: novas mudanças confundem passageiros e desagradam motoristas

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O primeiro dia útil após as novas mudanças em 40 linhas de ônibus foi confuso, como esperava o Secretário Municipal de Transportes, Alexandre Sansão Fontes. Para dar prosseguimento às obras do projeto Porto Maravilha, os ônibus que paravam no Terminal Misericórdia foram realocados para a Avenida Churchill, Rua Santa Luzia e Praça Marechal Âncora.

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Durante a manhã desta segunda-feira (24), o secretário Alexandre Sansão esteve na Praça Marechal Âncora, onde, a partir de hoje, será o ponto final das linhas 130, 131 e 202. Ele avaliou o movimento e esclareceu pontos levantados após a mudança. “O primeiro dia útil é sempre o dia que a maioria das pessoas vai aprender de fato. A gente está divulgando em todos os meios de comunicação e também diretamente ao usuário já há alguns dias. É claro que todo usuário vai se preocupar mais com a mudança no dia que implanta. Então hoje é um dia que a gente tem que intensificar essa informação. Amanhã é a mesma coisa e quanto tempo for necessário”, declarou Sansão.

O Secretário Municipal de Transportes minimizou os impactos da mudança para os taxistas, que tinham 15 vagas de parada e agora têm sete. Na sexta-feira (21), o Jornal do Brasil conversou com o presidente do ponto de táxi, Wilson Menezes, que reclamou das consequências da transferência das linhas para a Praça. “Isso não tem problema. Aqui a questão é rotatividade. Nem sempre esse ponto está cheio. Este é um bom local e ajuda a ter espaço para as linhas de ônibus que vão ficar paradas ali para trás – e que carregam mais gente que os táxis. Os táxis vão continuar operando aqui normalmente, os passageiros virão e o espaço é suficiente porque o trabalho no ponto de táxi é o ‘entra e sai’. Não é para ficar estacionado. Se é para ficar estacionado, fica em outro lugar. Aqui não é estacionamento. É ponto de táxi, para embarcar e desembarcar. A quantidade de vagas é suficiente”, enfatizou.

Na sexta-feira o Jornal do Brasil conversou com o engenheiro de transportes Alexandre Rojas, que levantou o questionamento acerca das medidas paleativas tomadas pela Prefeitura. Entre os pontos criticados por ele foi a criação do Terminal Misericórdia para abrigar linhas que depois seriam novamente transferidas. Perguntado, Alexandre Sansão explicou: “Fizemos isso por causa do andamento das obras. Agora que a gente preparou esse local para receber convenientemente essas linhas. Fizemos aquele retorno, colocamos os abrigos, melhoramos a calçada. Todo preparativo que foi necessário para colocar as linhas de ônibus aqui foi concluído e a gente, estrategicamente, fez a mudança junto com as outras mudanças para facilitar também o entendimento”.

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A tranquilidade do secretário, contudo, não reflete o clima entre os passageiros e profissionais das empresas de ônibus. Durante a manhã, um carro da linha 202 errou a entrada que deveria fazer. A despachante Mary Oliveira teve que explicar ao motorista qual caminho ele deveria fazer. Perguntada sobre as mudanças, ela é sucinta. “No sábado os motoristas reclamavam da entrada porque eles estavam com dificuldade para passar. Agora a principal reclamação é quanto as condições do uso do sanitário. A gente não tem desde sexta. Tem um ali, mas que é da obra. Quando eles tiraram, pediram desculpa, mas não colocaram outro. Está insuportável, o cheiro está desagradável a beça”, disse.

Segundo motoristas e cobradores, os profissionais que fazem as obras na Praça XV estão compartilhando o banheiro químico. Segundo Mary, “cada um informa uma coisa: uns dizem que é com a nossa empresa, outros dizem que é com a Prefeitura e a gente fica a Deus dará. A gente tem que prestar um serviço de qualidade aos usuários, mas como profissionais da área não estamos sendo respeitados como deveríamos”.

José Luiz Pereira, motorista da linha 202, não se mostrou satisfeito com mais uma mudança. “Para mim piorou. A minha linha era curta e agora se tornou longa. Nós íamos só até o Terminal Misericórdia. Agora temos que ir lá em baixo, na Beira Mar, retornar e entrar aqui. Ou seja, eu venho e volto pelo Aeroporto. Nós fazemos seis viagens. Vamos ver qual a decisão que a empresa vai tomar em relação às viagens agora”.

Sobre a falta de banheiros, José brinca: “Se o pessoal da obra parar de deixar a gente usar, a gente sai fazendo xixi por aí, igual cachorrinho”. O motorista, contudo, acredita que a empresa solucionará o problema. “Tenho certeza que vão resolver isso em breve”.

Reflexos do primeiro dia útil

Os impactos da mudança foram sentidos também pelos passageiros. Na Praça Marechal Câmara, usuários das linhas 130, 131 e 202 reclamavam da desorganização e da falta de informações. A secretária Eli Pessoa não aprovou a mudança. “Eu achei que está tendo constrangimento para todo mundo por causa dessa ‘abençoada’ obra. Não se resolve nada. Realmente na sexta feira eles já estavam divulgando. Só que é meio complicado. Eles têm que colocar mais pessoas para orientar. Tem gente que está indo para a direção oposta. Eu já tinha noção porque já vim perguntando essa semana”, contou.

O técnico de informática Márcio Luiz não sabia da mudança, mas conseguiu se localizar. “Recebi esse folheto agora. Não estava ciente das mudanças. Na verdade eu estou usando essa linha tem uma semana. Comecei a pegar lá no Terminal e agora que eu fui saber porque tinha um alto falante na saída da barca. Para mim ficou mais rápido, mas eu acho que hoje a fila está um pouco maior”, disse enquanto esperava o ônibus 130 sair. As filas se estendiam atrapalhando a organização das outras linhas.

A bancária Rose Ferreira não teve a mesma sorte de Márcio. Ela conta que teve dificuldades em se localizar e reclamou da falta de orientação.   “Está desorganizado. O ônibus 131 já é difícil e agora, com essa mudança, ele não aparece! Eu fiquei sabendo na semana passada porque a administração das barcas ficava anunciando que ia mudar, mas tive que perguntar onde o 131 estava parando. Inclusive fiquei duas vezes na fila errada porque as placas não estão indicando nada”, disse.

Para a jornalista Paula Martini a mudança não foi prejudicial, contudo, ela ressalta o tempo de espera pelos carros que fazem a linha 131. “Para mim ficou melhor porque eu venho de barca, então ficou mais perto. De repente para quem tem um ponto mais distante vai ser um pouco mais confuso. Mas, de qualquer forma, o ônibus que eu pego, que é o 131, não está aqui. Mesmo no Terminal Misericórdia ele sempre demorava mais que os outros. Ficavam os três carros que levavam os passageiros do 130 lá e nenhum do 131. As vezes eu ficava esperando muito tempo e aqui parece que está a mesma coisa”.

“Como eu venho de barca, eu achei que para quem vem de barca foi ok. Desde semana passada eles estavam com alto falantes e distribuindo panfletos. Como o meu ponto é mais perto, foi mais fácil de achar”.