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Sepe: Caxias vai realocar na Secretaria de Educação 400 professores doentes

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O Sindicato dos Profissionais de Ensino (Sepe) de Duque de Caxias denuncia uma situação inusitada no município: cerca de 400 professores que não podem mais dar aula, por motivos de saúde, serão realocados na Secretaria Municipal de Educação. A Secretaria confirma o número, mas diz que esses professores "vêm sendo atendidos pelo Programa de Valorização dos Readaptados, que consiste na reavaliação desses profissionais com o objetivo de realocá-los em funções que não afetem sua saúde". Diz ainda que o tratamento será caso a caso. O Sepe afirma, porém, que a informação é que todos esses professores serão realocados na Secretaria.  

O Sepe diz ainda que está tentando marcar uma audiência com o secretário de Educação, Marcos Vilaça, para tratar especificamente desse tema, já que há poucas informações concretas. Eles querem que os professores continuem trabalhando nas suas escolas de origem, junto à direção ou na orientação pedagógica. 

"Os 400 profissionais que não podem dar aulas por motivos de saúde estão sendo lotados à revelia na sede da Secretaria de Educação Municipal. A ideia do prefeito é colocar as pessoas que estão com a capacidade de trabalho reduzida na vigilância das autoridades? Os 400 caberão num prédio de quatro andares?" questiona um dos diretores do Sepe, Wagner Santana. 

Wagner também é professor e está fora das suas funções de sala de aula. Ele defende que aqueles que não podem dar aula escolham onde querem trabalhar e acredita que o contato com a escola e comunidade escolar são importantes para o professor. 

"Os readaptados são vitimas do sistema escolar, que é cruel com alunos e mestres, muitos que sempre ganharam a vida dando aulas prejudicam a voz definitivamente e outros o sistema nervoso. É necessário dizer que nem todos perderam a capacidade definitiva de lecionar, um dia retornarão e para isso é preciso de um ambiente de trabalho calmo para suas atividades. Eu mesmo fui afastado das aulas por problemas neurológicos e a médica me disse que é direito meu escolher a escola onde estou em readaptação para dar aula e se me recusarem isso deveria ir ao Ministério Público".

Os maiores problemas que os professores sofrem e que os retiram da sala de aula são problemas na voz e especialmente problemas neurológicos e psicológicos. Para Wagner, isso é fruto da falta de estrutura física e social para dar aula.  "São muitos fatores que fazem os professores adoecerem. A própria violência nas escolas, a falta de limite das crianças, algo que se tem que discutir, a falta de estrutura geral nas escolas onde o professor tira dinheiro do bolso para pagar diversas coisas. As turmas são sempre lotadas, nunca com menos de 35 alunos", comenta ele. 

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Para Wagner, o ideal não é realocar os professores em funções burocráticas, mas utilizar seu conhecimento pensando nos alunos. "O ideal é ter um programa sério que acompanhe a saúde do trabalhador e do professor e que o professor faça trabalhos ligados a educação quando não puder dar aula. Não tá bom assim o educador fazendo fichários, mesmo na sua escola. O professor é um especialista em educação então o melhor é ele não se afastar da comunidade escolar e do trabalho pedagógico. Ele pode auxiliar na direção e especialmente em projetos pedagógicos dentro da escola".