ASSINE
search button

Cerca de 80% das estações de trem não contam com banheiros para os usuários

Compartilhar

No Rio de Janeiro, são 102 estações de trem administradas pela Supervia.  Destas, somente 18 têm banheiros, o que corresponde a 17,6% das estações. Para os usuários, esse número é insuficiente. Além de poucos banheiros, existe uma discrepância da forma como eles são distribuídos. Justamente os passageiros que moram mais longe do Centro, e ficam mais tempo dentro do transporte, são os que têm menos acesso. 

>>Depois de meses, reclamação de usuários faz Supervia instalar bancos na Estação Maracanã

>>Empresas não estão preparadas para atender consumidor do século 21

No Ramal Santa Cruz, são 35 estações, contando com a Central do Brasil, e apenas oito têm sanitários. Porém, esses oito banheiros não passam da 19ª estação (Deodoro), que é a única estação da Zona Oeste com sanitários. 

Os banheiros do Ramal Santa Cruz (além dos que existem na Central) estão nas estações Maracanã, Engenho de Dentro, Piedade, Quintino, Cascadura e Madureira, que se localizam uma após a outra, todas na Zona Norte. Três estações depois, vem o banheiro de Deodoro. Estações com muito movimento, como Bangu, Campo Grande e a própria estação terminal de Santa Cruz, não têm sanitário para os usuários.

Outra discrepância é no ramal de Belford Roxo, que conta com 19 estações, mas só três têm banheiros. Além de Central e Maracanã, que fazem parte da linha, somente Triagem conta com sanitários. Triagem, porém, fica bem mais próximo das estações Central e Maracanã, que têm banheiros, do que da estação final, Belford Roxo, que não tem. 

Já os trens do ramal Paracambi param em 24 estações, mas somente em oito delas existe banheiro. As já mencionadas Central, Maracanã, Engenho de Dentro, Cascadura, Madureira e Deodoro e mais as estações de Nilópolis e Japeri.  Os outros banheiros ficam nos ramais Vila Inhomirim e Guapimirim. No primeiro, os trens param na estação Maracanã e Triagem. Além dessas, existem banheiros nas estações Manguinhos, Bonsucesso, Corte 8, Saracuruna, Fragoso e Vila Inhomirim. Para chegar em Guapimirim, é preciso ir até Saracuruna e de lá trocar de trem. Entre Saracuruna e Guapimirim, são 11 estações e um banheiro, em Magé. 

A quantidade é pequena e a distribuição não atende a todos. Além disso, uma das reclamações é que os banheiros não funcionam todos os dias em que os trens circulam.

Para os usuários, a falta de banheiros é um problema grave. Vitor Guimarães, criador da página Supervia- vergonha para o povo carioca (SVPPC)  diz que os usuários entram em contato com a página constantemente relatando situações e criticando a falta de banheiro. “Já recebemos pessoas falando que passaram por situações constrangedoras. Uma vez um pai mandou um depoimento dizendo que uma criancinha que precisava ir ao banheiro teve que fazer suas necessidades na linha férrea porque os banheiros ficam fechados nos finais de semana. Isso não faz sentido. Se está tendo circulação, tem que funcionar. Recebemos muita reclamação de que o funcionamento aos finais de semana é irregular e que durante a semana não tem banheiro suficiente”.

A Supervia informou que na Central do Brasil os banheiros estão abertos diariamente, no período de funcionamento da estação. Nas demais estações, os banheiros permanecem abertos de segunda a sexta, das 6h às 20h, e aos sábados, das 6h às 18h. Domingo, os banheiros não abrem. Vitor rebate a informação e diz que, na teoria pode ser isso, mas não é difícil encontrar os banheiros fechados inclusive aos sábados.

Giovana Mathedi, que mora em Campo Grande, usa os trens quando precisa ir para o Centro ou Zona Norte. Ela diz que nunca chegou a ir num banheiro da Supervia porque duvida da qualidade. “Nunca fui no banheiro da Supervia, tenho até medo de entrar. Pra mim vai ser sempre sujo, mal cuidado, levando em consideração o cuidado com as estações. Prefiro esperar até chegar em casa”, diz ela.

 Vitor Guimarães já usou os banheiros e diz que prefere pagar e utilizar os banheiros terceirizados. “Os banheiros de dentro das estações, gratuitos, são horríveis. Prefiro pagar e ir em num que seja um pouco melhor”.

Questionada sobre a possibilidade de abrir os banheiros durante todo o final de semana, a Supervia informou que tenta sempre lidar com as demandas dos usuários, mas que por enquanto, esse é o horário de funcionamento. A demanda pode ser percebida imediatamente ao analisar um post feito na página SVPPC. 

Uma enquete foi feita pelos moderadores: o que vocês acham sobre os banheiros da Supervia? Seus horários de funcionamento, qualidade, distribuição pelas estações e quantidade.

As respostas giram em torno de número de banheiros, horário de funcionamento e muito em torno da qualidade do serviço e manutenção. A maioria concorda que deveria existir banheiro em todas as estações e que eles deveriam funcionar enquanto as estações funcionam. 

Um usuário comentou “Todas as estações deveriam ter banheiro. Os poucos banheiros que existem estão sofrendo com a falta de manutenção e falta de educação e uma parcela dos usuários. Quanto ao horário de funcionamento, deveria funcionar de acordo com o horário da estação”.

Outra usuária disse que passou mal e não teve uma boa experiência.  “ É uma porcaria. O de Madureira  está interditado, passei mal semana passada e tive que descer em Cascadura pra usar o banheiro, e ainda fiquei presa no banheiro”.

Também há comentários dizendo que alguns banheiros têm boa qualidade, o da Central foi citado duas vezes como "razoável". Uma usuária comentou  “Quase não tem banheiro no ramal Santa Cruz...E eles são horríveis...Tem que ter banheiro em todas as estações...o banheiro da Central é razoável”. Outra completou: “O de uso gratuito da Central é razoável! Melhor que o pago. O de Saracuruna acabaram de reformar, está ótimo, só é pequeno. São os únicos que conheço, pego em Bento Ribeiro e não tem banheiro.” 

Do programa de estágio do JB