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CNV realiza diligência de reconhecimento na Base Naval da Ilha das Flores

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A Comissão Nacional da Verdade realiza no próximo dia 21, às 10h30, diligência de reconhecimento da Base de Fuzileiros Navais da Ilha das Flores (BFNIF), em São Gonçalo, Rio de Janeiro. Desde novembro de 2013, a CNV tem visitado instalações militares ou outros locais que abrigaram unidades das três Forças Armadas nos quais ocorreram torturas, mortes e outras graves violações de direitos humanos.

Com a diligência na Ilha das Flores, a CNV terá ido às sete unidades que integram o relatório preliminar de pesquisa sobre tortura e morte nessas instalações, divulgado pela CNV em fevereiro deste ano. 

Na diligência, ex-presos políticos auxiliarão peritos e pesquisadores da CNV e da CEV-Rio a identificar salas de tortura e outros locais da base naval e da ilha, utilizada como prisão a partir do final de 1968. O mesmo local onde funcionou o presídio da Marinha abrigou, do final do século XIX até 1966, a Hospedaria da Ilha das Flores.

Participarão da diligência na Ilha das Flores os membros da CNV Pedro Dallari (coordenador), José Carlos Dias, Maria Rita Kehl, Paulo Sérgio Pinheiro e Rosa Cardoso.

Da lista do relatório divulgado em fevereiro, a CNV já esteve no Doi-Codi de São Paulo (nov. 2013), 1ª Companhia de Polícia do Exército da Vila Militar do Rio (jan. 2014) e na Base Aérea do Galeão (mai. 2014). Em setembro deste ano, a CNV esteve no antigo Doi-Codi do Rio de Janeiro e no antigo 12º Regimento de Infantaria de Belo Horizonte. Na última terça-feira (14/10), a CNV visitou a sexta unidade, o Hospital Militar de Área do Recife, em cuja área funcionou, no passado, o Doi-Codi da IV Região.

Baseada no relatório divulgado em fevereiro, a CNV requisitou ao Ministério da Defesa a abertura de sindicâncias para verificar o desvio de finalidade no uso dessas sete instalações pelas Forças Armadas. O resultado das sindicâncias foi enviado em junho e, em julho, a CNV posicionou-se, considerando-o deplorável. Em agosto passado, a Comissão pediu esclarecimentos sobre os e, em setembro deste ano, o Ministério da Defesa reconheceu a ocorrência das torturas e mortes relatadas pela CNV. Os comandos das Forças se manifestaram à Defesa e disseram apenas não ter elementos para contestar as violações, todas reconhecidas pelo Estado Brasileiro, o que a CNV considerou "positivo, mas insuficiente".

No Recife, Dallari voltou a afirmar que o reconhecimento, por parte das Forças Armadas, das graves violações de direitos humanos ocorridas na ditadura, é fundamental para a reconciliação nacional.