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Obras do Porto Maravilha causam tremores em prédio do Inea e assusta servidores

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Cinco dias depois do prédio da Secretaria Estadual do Ambiente e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), na Avenida Venezuela 110, Região Portuária do Rio de Janeiro, ser evacuado em função da queda de um reboco do terceiro andar, funcionários dos órgãos passaram por mais um susto na manhã desta segunda-feira (13/10). Segundo o diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Saneamento e Meio e Ambiente do Rio de Janeiro e Regiões (Sintsama-RJ), José Lima, três tremores de forte intensidade foram sentidos até às 12 horas, deixando os servidores amedrontados. Funcionários que pediram para as suas identidades serem mantidas em sigilo, confirmaram a versão e acrescentaram que as rachaduras no revestimento interno do prédio estão aumentando gradativamente.

José Lima atribui os problemas estruturais no prédio às obras do Porto Maravilha, do consórcio Porto Novo, que está promovendo uma série de implosões subterrâneas no trecho da Rua Venezuela, para construção dos túneis da Via Binário. Um dos muros da parte interna, que apresentava graves rachaduras desde o início do ano por causa das trepidações, terminou de ser demolido nesta segunda. Na parede de onde despencou o reboco, as rachaduras são visíveis desde o primeiro atingindo até o sexto andar.  

"Herdamos esse prédio do grupo Frota Oceânica e estava em excelentes condições, com uma decoração 'de primeira', que está sendo destruída pelas rachaduras", reclamou Lima. De acordo com o Inea, a Defesa Civil e os engenheiros da Porto Novo fizeram uma vistoria minuciosa no prédio na última quinta-feira (9), sem a presença dos cerca de 500 servidores, e um parecer do órgão descarta qualquer comprometimento estrutural, tanto no edifício-sede, na avenida Venezuela, quanto no prédio localizado na Rua Sacadura Cabral, na Praça Mauá, que também está na rota das implosões. "Consequentemente, não há risco quanto a permanência dos funcionários", conclui uma nota do instituto. 

Na avaliação de Lima, as condições do prédio coloca em risco a vida dos trabalhadores e ele critica a falta de iniciativa do governo estadual no sentido de solucionar o problema. "Na quarta, houve uma correria e os servidores foram evacuados do local. No dia seguinte, volta todo mundo para trabalhar em clima de total insegurança. As paredes de alguns setores estão rachadas de ponta a ponta, dá medo", disse Lima. Ele chama atenção para o fato de muitos funcionários terem idade mais avançada, o que pode representar uma grande dificuldade em caso de um esvaziamento de emergência.

Segundo Lima, o sindicato está encaminhando uma denúncia ao Ministério Público Estadual e ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-RJ), pedindo a interdição do prédio. "O que nós queremos é uma inspeção isenta das autoridades estaduais. Acreditamos que o CREA seria a entidade indicada para conduzir essas análises das condições estruturais do prédio", afirmou o diretor do sindicato.

Por outro lado, o diretor financeiro do Inea, Daniel Cortez, garante que desde o ano de 2009, quando o Inea passou a ocupar o imóvel na Rua Venezuela, as manutenções são feitas periodicamente. Em setembro do ano passado, em função do início das obras do Porto Maravilha, foram instalados ao redor do prédio medidores para avaliar os abalos sísmicos. Segundo o diretor, os valores registrados sempre estiveram dentro dos limites de segurança. A Assessoria de Comunicação do Consórcio Porto Novo, formado pelas empreiteiras Odebrecht, OAS Engenharia e Carioca Nielsen Engenharia, também assegurou que o monitoramento no prédio do Inea é feito através de sismógrafos e o padrão de vibração nunca excedeu os 50% do percentual. Além disso, o consórcio alega fazer as visitas técnicas necessárias para manter o padrão de segurança.