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Cúpula da segurança anuncia megaoperação em vários pontos do Rio após ataques

Ações aconteceram às vésperas das eleições

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Uma reunião da cúpula da Segurança do Rio de Janeiro, realizada na manhã desta quinta-feira (2) com a presença do governador Luiz Fernando Pezão, anunciou uma megaoperação com agentes da Polícia Civil, em conjunto com os serviços de inteligência das polícias, em diversos pontos do estado. A decisão foi tomada após ataques realizados terça e quarta-feiras em diversas comunidades do Rio e de Niterói, e que deixaram pelo menos cinco mortos e sete feridos. O objetivo é identificar e prender pessoas ligadas aos ataques. O encontro foi realizado no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova. 

Também será montado um esquema especial de segurança em todo o estado no domingo (5), dia do primeiro turno das eleições. O policiamento será ostensivo nas zonas eleitorais, principalmente nas áreas com UPP.  Para o secretário José Mariano Beltrame, traficantes estariam intensificando os ataques devido às eleições.

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O secretário reforçou ainda que, nas últimas três eleições, o Rio viveu momento piores do que o atual.

"Em 2007, metralharam delegacias no Rio. Em 2010, tivemos dezenas de ônibus incendiados pela cidade. A polícia já trabalhava com a hipótese de que estes tipos de ataques poderiam ocorrer. Nós nos antecipamos a muitas ações do tráfico e já temos outras ações na manga. Estamos apenas aguardando uma hora para poder agir", disse.

O secretário evitou afirmar que as ações forma orquestradas, apesar de terem acontecido simultaneamente em diversos locais diferentes.

"Tivemos a morte de um traficante no Cavalão (Niterói) e o mesmo aconteceu na Vila Cruzeiro (Penha). Já na Mangueira, sabemos que se trata de um problema financeiro, de disputa de poder", afirmou, complementando que não pode dar mais detalhes para não atrapalhar as investigações.

Para Beltrame, o confronto na Maré foi promovido por uma dissidência que está se formando na comunidade para atrapalhar o processo de pacificação.

"Se a população do Rio hoje está pedindo paz, ela tem o direito de exigir a paz. Mas gostaria que esta mesma população considerasse que o Rio enfrenta esse problema há 20 anos e ninguém nunca fez nada. Não vamos responder com tiros. Vamos responder com ações racionais", afirmou.

Mortes e ônibus incendiado

Na Maré, ocorreram dois confrontos: o primeiro no final da noite do dia 30, quando traficantes do Conjunto Esperança, na Vila do João, trocaram tiros com grupo rival do Complexo da Maré. O outro, por volta das 14h30, de quarta-feira (1º), quando a Avenida Brasil chegou a ser fechada por cerca de 40 minutos e motoristas, apavorados, chegaram a retornar pela contramão.

Também houve enfrentamento nas comunidades da Mangueira e no Parque Proletário da Penha, subúbios da cidade. Na Maré, um jovem morreu e no Parque Proletário da Penha um rapaz morreu ao trocar tiros com uma equipe do Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope).

No Complexo da Maré, no principal acesso junto à Avenida Brasil, tanques dos Fuzileiros Navais e do Exército estão posicionados na entrada da comunidade e patrulhas da PM dão cobertura à ação ao longo da via expressa. O Complexo da Maré fica próximo às linhas Amarela e Vermelha e dá acesso à Ilha do Governador, onde fica o aeroporto internacional Tom Jobim.

Na noite passada (1º) houve confronto também na Mangueira. Por volta das 22h, disparos foram realizados em uma área de mata próximo a localidade conhecida como Rinha. Cerca de meia hora depois, novos tiros foram ouvidos na localidade conhecida como Prata. Em ambos os casos, não houve disparos por parte dos policiais. O policiamento está intensificado na região e não há relatos de feridos.

No início da madrugada desta quinta-feira, policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Alemão estavam em patrulhamento na localidade conhecida como ‘Beco do Sabino’ quando um grupo de criminosos efetuou disparos contra os agentes. Os militares revidaram e outras equipes policiais foram acionadas em auxílio. Na ação, dois homens foram feridos e socorridos pelos policiais. Um homem de 22 anos foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Alemão e logo transferido ao Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, onde permanece em observação. O outro, identificado como Adriano de Souza da Silva, de 20 anos, foi levado para o Hospital Getúlio Vargas, mas não resistiu aos ferimentos. Com Adriano, os PMs encontraram uma pistola calibre 9mm. Uma mochila foi apreendida no local contendo um rádio transmissor, 14 trouxinhas de maconha, 176 papelotes de cocaína, 70 pedras de crack e 41 frascos de cheirinho da loló. O caso foi registrado na 22ª DP (Penha).

Em outro extremo da cidade, policiais do Bope apreenderam na madrugada desta quinta-feira (2), em uma oficina de cromagem na Avenida Santa Cruz, em Santíssimo, na zona oeste do Rio, dois fuzis com adaptador para silenciador, um revólver 38 desmontado, 2 coronhas de rifle, uma pistola automática desmontada e uma garrucha. Os agentes também encontraram na oficina, um morteiro, uma granada de bocal, uma algema e um cordão dourado. Segundo a Polícia Militar (PM), a apreensão se deu a partir de informações do Disque-Denúncia e o material encontrado seria cromado. A ocorrência foi encaminhada para a 35ªDP (Campo Grande).

Em Niterói, um ônibus foi atacado por adolescentes do Morro do Cavalão, que atearam fogo. A ação aconteceu por volta das 19h desta quarta-feira, na Rua Lemos Cunha. O ataque seria uma represália à operação da PM que deixou dois mortos terça-feira, na comunidade.

Com Agência Brasil