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Ação contra policiais corruptos prende 22 e apreende mais de R$ 300 mil

Entre os presos está o terceiro homem na hierarquia da PM

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Uma grande operação de combate à corrupção policial no Rio de Janeiro prendeu 22 PMs acusados de cobrar propina de comerciantes, empresários e ambulantes em Bangu, na Zona Oeste. Dois policiais militares e um civil ainda estão foragidos. A ação foi coordenada pela inteligência da Secretaria de Segurança e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado do Rio. 

Foram encontrados cerca de R$ 300 mil na casa do coordenador de Operações do 14º Batalhão de Bangu, Edson Alexandre Pinto de Góes, um dos foragidos, e R$ 33 mil na casa de um sargento, cujo nome não foi divulgado. Outro detido é o chefe do Comando de Operações Especiais da Polícia Militar (COE), coronel Alexandre Fontenelle Ribeiro de Oliveira, também responsável pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope) e de Choque e de Ações com Cães. Considerado o chefe da quadrilha, Fontenelle é o terceiro homem na hierarquia da Polícia Militar. Ele foi preso em casa, no Leme, na Zona Sul da cidade.

Em sua carteira, os investigadores encontraram a contabilidade escrita à mão, com a divisão de R$ 27 mil. O papel informa, ao lado do número 10.000, a palavra "eu". Também há alguns nomes como Bruno e Edson. 

Além de Alexandre Fontenelle, os oficiais denunciados pelo Ministério Público pelo crime de associação criminosa armada são o major Carlos Alexandre de Jesus Lucas (ex-subcomandante do 14°BPM), o major Nilton João dos Prazeres Neto (na época, chefe da 3ª Seção do BPM de Bangu), major Edson Alexandre Pinto de Góes (ex-coordenador de Operações do 14°BPM), o capitão Rodrigo Leitão da Silva (ex-chefe da 1ª Seção do 14°) e o capitão Walter Colchone Netto (ex-chefe do Serviço Reservado de Bangu). Desses, a maioria acompanhou o Coronel Fontenelle no Comando de Operações Especiais, o que foi considerado mais um indício de que a quadrilha continuava atuando.

>> Prisão de chefe da PM é duro golpe na política de segurança

Segundo as investigações, a quadrilha atuava há pelo menos dois anos exigindo propinas de R$ 10 a R$ 10 mil para não reprimir ações criminosas de mototaxistas, motoristas de vans e kombis não autorizadas, transporte de cargas em situação irregular ou a venda de produtos piratas no comércio popular de Bangu. 

De acordo com o promotor de Justiça, Cláudio Calo, mesmo empresas de eletrodomésticos que fossem entregar mercadoria na região tinham que pagar propina aos policiais.

A operação começou no final de 2012 e durou cerca de um ano, como continuidade da operação batizada de Compadre I que foi responsável pela prisão de 78 pessoas, incluindo 60 policiais civis e militares.

Segundo o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, o Governo do Estado continuará investigando casos de corrupção dentro da corporação. Ele destacou o empenho da Subsecretaria de Inteligência na investigação e agradeceu o apoio do Ministério Público Estadual. "Trabalhamos externamente e internamente. Temos outras investigações dessa natureza para serem feitas, investigações de milícias, investigações relacionadas às UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). Quero parabenizar a todos os envolvidos nesta grande operação, em especial ao Ministério Público e à nossa Subsecretaria de Inteligência", explicou Beltrame na coletiva de imprensa realizada no auditório da Secretaria de Segurança. 

O Ministério Público pedirá reparação de danos morais aos acusados por manchar a imagem da Polícia Militar. "Pedimos a condenação e a responsabilização penal, mas também a reparação de danos, tanto materiais quanto morais. Na denúncia que formulamos, houve o pedido de reparação por danos morais em respeito à instituição da PM, que é secular", disse o promotor Cláudio Calo Sousa, representante da Gaeco/Ministério Público.

De acordo com o subsecretário de Inteligência, delegado Fábio Galvão, a Secretaria de Segurança está empenhada na investigação. "Não vamos permitir, não vamos tolerar, de forma alguma, desvio de conduta de policiais. A operação durou aproximadamente um ano, e o período de investigação aconteceu do segundo semestre de 2012 até o fim de 2013. É um desmembramento da operação batizada de Compadre I, que foi responsável na época pela prisão de 78 pessoas, entre eles 60 policiais civis e militares", ressaltou Galvão.

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