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Servidora no Marcílio Dias morre durante confronto entre traficantes e PMs 

A copeira Caroline Gomes Rosa estava grávida de 7 meses e deixou dois filhos pequenos

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Uma funcionária terceirizada do Hospital Naval Marcílio Dias, no Lins, Zona Norte do Rio de Janeiro, foi uma das vítimas do violento confronto entre policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Camarista Méier e traficantes que agem no Complexo do Lins, na última terça-feira (19/8). Segundo denúncia feita ao Jornal do Brasil por uma servidora da empresa Masan Serviços Especializados, terceirizada da unidade hospitalar naval, a copeira Caroline Gomes Rosa, de 27 anos, grávida de sete meses, foi atingida por um tiro enquanto aguardava por transporte público na porta do hospital, por volta das 19h. No momento, estava acontecendo uma operação policial no Complexo do Lins e entorno. 

A denunciante, que não quis se identificar por questão de segurança, afirmou que os colegas de trabalho da copeira pediram socorro aos médicos que estavam de plantão no Marcílio Dias. "Impressionante, mas eles [equipe médica do hospital] nos falaram que não podiam fazer nada. Eles não socorreram a nossa colega. Ainda na versão da funcionária, Caroline foi levada por populares para a Maternidade Municipal Carmela Dutra. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a mulher chegou em óbito na maternidade e seu corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal. A SMS não soube informar a causa da morte da vítima.

Em nota, através da sua Assessoria de Comunicação, a empresa Masan confirmou a morte de Caroline, mas negou que a funcionária tenha sido vítima de bala perdida. De acordo com a assessora, Caroline se assustou com o tiroteio e tentou correr para dentro do hospital, quando sofreu uma queda, batendo com a cabeça. "A causa do óbito foi uma hemorragia causada por queda. A empresa, que fornece seguro de vida para todos os seus funcionários, informa que está prestando toda a assistência à família e arcou com todas as despesas funerárias", diz a nota. 

"Depois da morte da Caroline, ninguém quer mais trabalhar no Marcílio Dias. Somos 230 copeiras e muitas estão pedindo transferência esta semana. Hoje [quinta-feira, 21/8] eu não fui trabalhar e ontem quase ninguém apareceu também. Tá todo mundo com muito medo e também revoltado com o hospital que negou atendimento. Tenho cinco filhos para criar ainda, não quero morrer não. Chega", desabafou a servidora da Masan. Segundo ela, Caroline deixou dois filhos pequenos, um de cinco e outro de nove anos. "Ela era uma excelente funcionária, uma pena isso", acrescentou emocionada.

O Jornal do Brasil tentou contato com o Hospital Naval Marcílio Dias para esclarecer as denúncias da servidora, mas não conseguiu retorno até o fechamento da matéria. 

O clima de tensão entre PMs da UPP Camarista Méier e traficantes teve início na terça de manhã, quando a PM realizou uma operação em uma das favelas do Complexo do Lins para verificar denúncias de propaganda eleitoral irregular. Os policiais foram surpreendido por homens armados e teve início um confronto na Rua Maria Luiza, que dá acesso ao Morro do Gambá e fica nas proximidades do Hospital Naval Marcílio Dias. A unidade hospitalar é uma das mais importantes da região. Na ocasião, o comando da UPP Camarista Méier informou que não houve feridos.