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Caso Haissa: imagens de viatura são esclarecedoras, comenta delegado 

Polícia Civil investiga se morte de jovem por policial é homicídio doloso ou culposo

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As imagens da câmera da viatura em que estavam os policiais envolvidos na morte da jovem Haissa Vargas Motta, de 22 anos, estão com a Polícia Civil. De acordo com o delegado titular da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), Pedro Medina, as imagens, junto com outras provas recolhidas, são "bem esclarecedoras". O objetivo é apurar as motivações e circunstâncias do erro de conduta do policial que causou o falecimento de Raissa, para definir se foi crime de homicídio doloso ou culposo. 

Haissa Vargas, que morava em Nova Iguaçu, foi baleada durante uma perseguição de policiais do 41° BPM (Irajá), na madrugada de 2 de agosto, em Nilópolis. Ela chegou a ser socorrida para uma UPA da região, mas não resistiu. Na certidão de óbito, consta a hemorragia interna por ferimento penetrante do tórax, com lesão no pulmão direito.

"Houve erro na abordagem policial", confirmou o delegado Medina ao JB. Resta agora, então, esclarecer se foi um caso de homicídio doloso ou culposo, que situação motivou a ação policial, se foi um caso de despreparo dos profissionais, por exemplo. "As imagens (da câmera da viatura e da região) estão sendo importantes, são imagens bem esclarecedoras", informou. A Polícia Civil teve acesso às imagens nesta semana. 

O delegado não quis revelar detalhes, inclusive sobre o conteúdo das imagens das câmeras, para não atrapalhar o andamento das investigações. Neste momento, laudos e perícias são confeccionados. 

Quando forem concluídos os laudos técnicos e os confrontos balísticos, o policial responsável pelo tiro que matou a jovem será ouvido novamente, para que sua versão seja confrontada com as evidências. Após a oitiva dos envolvidos e a conclusão dos laudos, o inquérito deve ficar pronto - em um período, acredita o delegado, de 60 dias. O acusado, então, que foi afastado dos serviços de rua, agora cumprindo tarefas na função administrativa, deve ser denunciado à Justiça.

O chefe do setor de Inteligência do 41° BPM (Irajá), capitão Salgado, que abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) para avaliar a conduta dos envolvidos, comunicou ao JB que ainda não recebeu as imagens das câmeras, mas que elas já foram solicitadas. Outros três policiais do batalhão, envolvidos no caso, também foram afastados dos serviços de rua e cumprem tarefas administrativas.

"Ela foi morta, assassinada, pelas pessoas que eram para nos defender", lamentou o pai de Raissa, Ironildo Motta da Silva, ao RJTV, na semana da morte da jovem. 

Na ocasião, os policiais haviam informado que, enquanto realizavam patrulhamento pela Avenida Nazaré, em Anchieta, foram atrás de um carro HB20 branco, da Hyundai, devido a uma suposta denúncia de que um modelo desse tipo estaria sendo usado para a prática de assaltos na região. Eles alegaram que teriam sinalizado para o veículo parar, mas que o condutor não teria obedecido. O jovem que dirigia o carro em que estava Haissa, um bancário, e pessoas próximas comentaram com a imprensa, no entanto, que os policiais não teriam pedido para o carro parar e que os ocupantes teriam cogitado, inclusive, que a perseguição se trataria de um assalto.

JB tentou entrar em contato com parentes e familiares da jovem, que não retornaram ou não quiserem comentar o caso, devido à tragédia ocorrida. 

>> Viatura da PM usada em crime no Sumaré é descaracterizada durante investigação

Recentemente, um caso de erro de abordagem policial foi solucionado devido a imagens da viatura. Matheus Alves dos Santos, de 14 anos, foi morto por policiais militares no alto do Morro do Sumaré, na Floresta da Tijuca, em junho. Seu corpo foi encontrado em um matagal na Estrada do Sumaré. Os PMs foram reconhecidos pelas imagens internas da viatura e o trajeto feito pela dupla foi identificado pelo sistema de GPS.