ASSINE
search button

Engenheiros debatem impactos por crateras no solo do metrô de Ipanema

Compartilhar

A Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (Seaerj) promoveu um debate hoje (30) sobre os impactos causados por obras, em imóveis na zona sul do Rio de Janeiro devido ao acidente provocado no metrô de Ipanema, em maio deste ano, no qual ocorreu um assentamento de solo com abertura de duas crateras, entre as ruas Teixeira de Melo e Farme de Amoedo. Os impactos causados aos moradores, com propostas seguras para o avanço do trabalho, e a necessidade de uma legislação preventiva mitigadora de problemas em obras similares foram temas debatidos durante o encontro.

O engenheiro e morador da Rua Barão da Torre, Mario Sérgio Bandeira, fez uma análise técnica do acidente levantando possíveis falhas do projeto, como por exemplo, a despressurização da camada de terra no local. “A equipe do tatuzão [equipamento de perfuração do solo] não tem comunicação com a equipe externa, estes por sua vez, não observaram os esguichos através dos furos de sondagem nas jardineiras”, disse.

Sobre as medidas adotadas pelo poder público, o promotor de Justiça, do Ministério Público do Rio de Janeiro do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ), José Alexandre Mota, explicou que foi feito um pedido para que a obra permaneça parada até a análise dos documentos.

“Nós ampliamos o objeto da investigação para os riscos do tatuzão, que antes estava restrito à praça para tratar de forma aprofundada sobre os riscos e prosseguimentos do equipamento. Também oficiamos o consórcio, assim como a Rio Trilhos e a Secretaria Estadual de Transportes e obtivemos as informações técnicas e disponibilizamos a sociedade civil. Expedimos uma recomendação, para que até a análise dos documentos a obra permaneça parada, e que só continue após uma profunda comunicação à sociedade”, explicou.

Nenhum representante da Linha 4 do metrô compareceu à palestra. De acordo com o presidente da Seaerj, Joelson Zuchen, "falta transparência dos gestores do projeto, mas a gente mantém as portas da casa abertas, caso algum membro queira se manifestar sobre o assunto", disse.

O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), Agostinho Guerreiro, disse que o Crea-RJ está acompanhando o caso do metrô em Ipanema, e segundo ele, quando acidentes desse porte acontecem, é porque houve falta de algum tipo de prevenção e criticou a forma como a obra está sendo feita.

"Estamos preocupados porque não há nenhuma previsão de uma obra dessa natureza provocar acidente desse porte. Lá além do buraco teve outros problemas que aparentemente não há nenhuma catástrofe, como queda de prédios. É evidente que é uma questão difícil, ainda mais fazendo nessa velocidade que eles querem apresentar antes das Olimpíadas de 2016. Houve sobretudo um desrespeito ao planejamento que vinha de longa data para atender compromissos com o Comitê Olímpico, enfim, são coisas que comprometem a engenharia. Esse planejamento realmente desrespeita os projetos que  a engenharia exigem", contou.

Guerreiro disse ainda que "é para isso que existe o planejamento, para que possa ter projetos de qualidade, e através desses projetos, você sabe detalhadamente tudo o que deve ser feito. A boa engenharia não pode se submeter a planejamentos de curto prazo dos poderes públicos, seja ele federal, estadual ou municipal. A engenharia tem que ter o planejamento para gerar um bom projeto executivo de qualidade e não foi o caso de Ipanema", explicou.

Em nota, o Consórcio da Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro, que administra as obras, informou que a situação está normalizada e que o serviço de tratamento do solo, está sendo feito, para devolver a compressão ao subsolo da Rua Barão da Torre próximo à esquina com a Rua Farme de Amoedo, em Ipanema, após o assentamento de solo ocorrido em 11 de maio deste ano. Este serviço está recuperando as características que o terreno apresentava antes do incidente, e que assim que foi constatado o primeiro desnível na superfície, a área foi isolada e o plano de contingência acionado.

O Consórcio esclareceu que "em nenhum momento a população ou as edificações estiveram em risco. Simultaneamente, através da análise do monitoramento, verificou-se que não havia nenhum risco para as fundações dos edifícios do entorno, pois se tratava de um evento localizado. Com a área isolada, as cavidades foram preenchidas com concreto e foi iniciado o processo de compactação do solo”.

De acordo com o Consórcio da Linha 4 do metrô "o trabalho de recompressão do solo segue como previsto e os imóveis do entorno das escavações dos túneis e estações são monitorados permanentemente por instrumentos que possibilitam o acompanhamento das edificações antes e durante as obras. Todas as medições desta instrumentação estão dentro dos limites esperados, sem risco para as edificações".