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Match deve entregar Raymond Whelan a justiça a qualquer momento

Empresa repassou contrato de US$ 120 mil em ingressos para avaliação do MP do Rio

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O Ministério Público do Rio de Janeiro teve acesso a um contrato repassado por Henrique Byron, da Match, justificando os US$ 120 mil dos US$ 600 mil que a justiça brasileira investiga em relação à máfia dos ingressos. A empresa também negocia a entrega do diretor Raymond Whelan, foragido desde quinta-feira, que pode acontecer a qualquer momento. A informação foi passada com exclusividade pelo promotor responsável pelo caso, Marcos Kac, ao Jornal do Brasil.

O grupo trabalharia com refugo dos ingressos para não chamar a atenção da polícia. A avaliação preliminar é que apenas 30% dos ingressos da Copa são repassados pelo sistema de vendas oficial, enquanto o restante seria negociado no mercado negro - no caso do Mundial deste ano por intermédio de uma quadrilha sob o comando de Lamine Fofana. De acordo com Kac, o contrato é referente ao mês de março e cita o nome do franco-argelino Mohamed Lamíne Fofana, preso no dia 1º de julho. 

O documento aponta a compra de US$ 120 mil em ingressos e está sendo avaliado pela justiça pela sua legitimidade, já que mais se assemelha a uma carta de intenção do que a um contrato. Como os ingressos da Copa, principalmente nas fases finais, abrem dúvidas sobre as seleções participantes, os negócios seriam fechados em cima da hora.

Tão importante quanto prender o inglês Raymond Whelan, ressalta Kac, é avaliar também o empréstimo de US$ 10 milhões da Fifa à Match, que tem que ser justificado pela lei de evasão de divisas. A Federação de futebol, no entanto, ganhou imunidade em diversas questões tributárias e judiciais com a Lei da Copa. A Match tem como sócia os dois irmãos mexicanos Jaime e Henrique Byrom, donos da Byrom plce, e Phillippe Blatter, sobrinho de Joseph Blatter, presidente da Fifa. 

O Jornal do Brasil  vem acompanhando de perto o caso e publicou, em primeira mão, denúncias a respeito do esquema de venda irregular de ingressos para a Copa. Inclusive, o JB já alertava para os riscos de Ray fugir antes de ser preso. 

>> Os bastidores da Fifa nas vendas de ingressos para a Copa no mercado negro

O caso traz à tona outro, que ocorreu há dois meses e que até agora não teve desfecho: um sargento do Corpo de Bombeiros foi flagrado vendendo ingressos para a Copa mas, até agora, o inquérito está parado.

>> Cambista na Copa: dois meses depois, bombeiro ainda não foi julgado

Veja mais reportagens sobre o caso Match/Fifa:

>> Jennings sobre Ray Whelan, da Match: "Ele sabe de absolutamente tudo"

>> Executivo da Match, Ray Whelan foi contratado pela CBF na gestão de Teixeira

>> PGR diz que relação entre Match e Fifa é privada e não tem autonomia sobre ela

Na quarta (9), o JB publicou uma reportagem revelando o Relatório Anual e o Demonstrativo Financeiro da Match referente ao ano de 2012, onde é detalhado um empréstimo da Fifa à empresa no valor de US$ 10 milhões, para ser investido no serviço de hospitalidade na Copa do Mundo de 2014 no Brasil. O documento foi enviado pelo jornalista e escritor britânico Andrew Jennings. O empréstimo, detalhado na página 19 do relatório, no item "Valores a vencer após um ano", foi feito de forma generosa, sem cobrança de juros e com o prazo de pagamento total para janeiro de 2015.

O conteúdo do relatório da Match destaca que grupo atua como provedor de serviços e agente de vendas para o fornecimento de soluções para acomodação, ingressos, transporte e hospitalidade para "Titulares de Direitos" e "Comitês Organizadores" dos maiores eventos esportivos internacionais. No tópico "Revisão dos negócios", é esclarecido que o grupo, este ano operando sob contrato com a FIFA para o "Escritório de Acomodação da FIFA", o grupo, esteve diretamente envolvido nos eventos da FIFA sub-17 Copa do Mundo México 2011; FIFA sub-20 Copa do Mundo Colômbia 2011; Copa do Mundo feminina da FIFA 2011; Copa do Mundo de Clubes da FIFA 2011; Copa do Mundo da FIFA 2014 Brasil (sorteio Preliminar); Congresso da FIFA 2011. Além desses trabalhos, o grupo ressalta que tem um contrato "de longo termo" com a Fifa por meio da subsidiária Match Services AG, para prover acomodação, ingressos e solução informática para a Copa do Mundo no Brasil, assim como aconteceu na Copa das Confederações, em 2013, também no país. O grupo também vendeu pacotes de viagem e acomodação para os jogos da "Ryder Cup" em 2012, no Medinah Country Club, em Illinois, nos Estados Unidos. E ainda tem um contrato com o Ryder Cup Europe LLP para estender as atividades do grupo para o novo ciclo de jogos até 2014. 

Ray Whelan foi libertado da 18a. DP (Praça da Bandeira) na última terça-feira (8), após pagar fiança de R$ 5 mil e por determinação de um habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ). A prisão temporária de cinco dias foi expedida pelo Juizado Especial do Torcedor, mas a desembargadora Marília de Castro Neves Vieira, considerou a prisão ilegal, pois desobedeceu o princípio da proporcionalidade. A Justiça reteve o passaporte de Whelan. Em nota, a Match informou nesta quarta (9) que Whelan vai devolver a credencial da Fifa. 

O franco-argelino Mohamed Lamíne Fofana, acusado de chefiar a quadrilha e preso no dia 1º de julho, segue detido no Complexo Penitenciário de Bangu, junto com outros 10 membros da máfia dos ingressos. A Justiça negou o habeas corpus de Lamine Fofana, permitindo o pedido de prisão preventiva pela PC, já que o prazo de prisão temporário do suspeito encerra nesta quinta (10).