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'O governo não quer ceder', diz grevista da área de cultura

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Na última quinta-feira (29) aconteceu uma reunião entre o Comando de Greve da Cultura com a Ministra da Cultura, Marta Suplicy. Segundo André Ângulo, diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal do RJ (Sintrasef), que trabalha no Museu da República, no Catete, o tom do governo é "endurecimento", e não quer ceder.  “Há uma postura geral no governo de endurecimento. Eles estão irredutíveis. A ministra trouxe a posição de que o governo vai jogar muito pesado. Segundo ela, eles vão fazer o que for possível para abrir os museus durante a Copa”, comenta. 

“Agora, como eles vão nos obrigar? Como ela vai fazer isso? Ela vai decretar que o município e o estado vão assumir o comando das instituições? O exército vai assumir a segurança pública, mas no nosso caso, quem sabe ligar e desligar os aparelhos são os servidores. Eles vão colocar o diretor para fazer isso, ameaçando ele de perder o cargo? Não sei”, completa.

O principal pedido dos grevistas é o cumprimento de acordos feito em 2005, 2007 e 2011, que implementam um plano de carreira. Eles também querem maior investimento na cultura. “O que o governo quer fazer é a implementar  um plano de carreira que fosse formatado em 2014 para ser implementado em 2016. Mas não queremos só promessas. Isso já aconteceu antes: o plano é formulado mas o Ministério do Planejamento não aprova”, explica.

Os grevistas querem, então, que se crie um projeto de lei urgente ou uma emenda constitucional que sirvam como garantias de que o plano de carreira será implementado. “A greve na cultura nunca foi tão grande como nesse ano e não vamos perder a oportunidade que a Copa está dando. Não é só uma questão de dinheiro, mas as condições das estruturas e das instituições, que não estão do jeito que deveriam estar”, completa André.

No Rio, quase 100% dos museus ligados ao Ministério da Cultura estão fechados. Entre eles: Paço Imperial, Museu Nacional de Belas Artes, Museu Histórico Nacional, Museu da Republica, Museu de Villa Lobos, Casa de Benjamin Constant, Museu de Arqueologia de Itaipu, Museu de Arte Sacra de Paraty, Museu Imperial de Petrópolis, Iphan, Funart, Ibram, Bibliotecva Nacional, entre outros.

Além disso, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Paraíba já entraram na greve. Acre, Sergipe, Maranhão, Pernambuco estão se mobilizando.

Lia Jordão é servidora da Biblioteca Nacional. Os profissionais ficam parados em frente à instituição, no centro do Rio, distribuindo cartazes e explicando porque o local está fechado. “Estamos percebendo um aumento significativo de turistas, procurando a visitação. Estamos elaborando panfletos bilíngue. A maior parte dos visitantes compreende, nos deseja boa sorte e se mostra solidária. Acreditamos que esse número vai aumentar durante a Copa.

Para Lia, a questão do investimento na cultura e na conservação é uma das linhas primordiais da greve. “Estamos em um prédio tombado que está muito deteriorado, literalmente caindo aos pedaços. A pauta unificada é fundamental para garantir o futuro da nossa instituição. Temos  problema de acondicionamento, de climatização, na parte da segurança. Temos  um prédio extremamente vulnerável que já sofreu invasão. Não temos mais espaços para colocar os livros nas estantes, entre outras demandas”, critica.

Lia relembra que, durante a Copa das Confederações, houve uma sobrecarga, como fila para fazer a visita guiada. Ela acredita que, se a Biblioteca abrir durante a Copa, vai ser difícil dar conta. “Temos dificuldade por exemplo, com numero de crachás, e falta de catraca. Tudo isso compromete a qualidade do serviço”.

“Deveríamos estar com a nossa sede reformada, e estamos com uma biblioteca cheia de tapumes em volta. Só agora estamos começando a ter algum trabalho de restauro, mesmo assim só nas claraboias e telhado, que tem goteira”, finaliza. O grupo da Biblioteca Nacional fará um protesto no próximo dia 9, na Cinelândia, às 13h, onde haverá uma feira de livros.

O JB entrou em contato com o Ministério da Cultura mas, até as 15h30, não tinha obtido retorno.

Do programa de Estágio do JB