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Relatório do ISP diz que morte violenta diminuiu nas regiões com UPP

Por outro lado, o número de roubos - tanto a veículos quanto a pedestres - aumentou

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O Instituto de Segurança Pública (ISP) divulgou nesta segunda-feira (19) dados sobre crimes nas áreas de atuação das Unidades de Polícia Pacificadora do Estado do Rio de Janeiro, referentes ao ano de 2013. O relatório compara dados do ano passado com registros de 2012, antes da implantação das unidades. Segundo o relatório, houve um número menor de crimes violentos, mas os roubos aumentaram.

>> ISP: sobe número de roubos de veículos, homicídios e autos de resistência

Consta no estudo que houve uma redução de 26,5% nos casos de morte violenta. Em 2013 foram 50 vítimas, e no mesmo período de 2012, 68. Quanto ao homicídio doloso, quando há intenção de matar, a redução foi a mesma, 26,5%. No ano de 2013 foram 36 vítimas, em comparação com as 49 vítimas do mesmo período em 2012. Os homicídios decorrentes de Intervenção policial baixou de 19, em 2012, para 6 em 2013.

Por outro lado, os roubos aumentaram. Foi observado um aumento de 7,0% no número de roubo de rua e 5,8% no número de roubos de veículos. Em 2012 foram registrados 213 roubos, em 2013, 228. Roubos de veículos subiu de 69 para 73 nas áreas pacificadas. A apreensão de drogas aumentou 23,2%. Foram 1.661 registros em 2012 e 2.046 no ano de 2013.

Os dados das UPP são divulgados após um ano completo da data de implantação de cada UPP.  O estudo do ISP foi feito juntamente com a Coordenadoria de Polícia Pacificadora que tomou por base as ruas e pontos de referência de cada comunidade e os limites das UPP.

Para Michel Misse, coordenador do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana da UFRJ, é muito difícil analisar esses dados de áreas pequenas e com pouco tempo de referência. Ele afirma que o número de roubos vem caindo na cidade toda nos últimos anos e que esse aumento - que é pequeno e recente- não deve mudar tanto a queda dessa taxa. "O aumento não quer dizer que aumentou o roubo, necessariamente, mas pode ser uma questão de aumento de denúncias", comenta. Ele ainda relembra que hoje, o roubo diminuiu e o furto aumentou especialmente de celulares, situação que não existia a alguns anos atrás.

Para Ignácio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da UERJ, que fez uma pesquisa sobre UPPS, também é complexo relacionar esses dados, porque eles estão dissociados dos dados relativos ao resto da cidade e ainda de 2013. Ambos os especialistas, porém, concordam que o aumento dos roubos condiz com o aumento da violência da cidade e que a impressão que a UPP afastou os criminosos de suas áreas não é verdade. "Tem um impacto nesse sentido, dos criminosos mudarem de área, mas é superestimado", comenta Cano. "Não há confirmação que tenha havido saída dos criminosos. Os traficantes continuam nas favelas", comenta Misse.

Diferentemente do que faz com a cidade como um todo, o ISP não lança dados trimestrais sobre as estatísticas de criminalidade nas UPPS.