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Candidatas do concurso da PMERJ fazem protesto contra governo do Estado

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Um dia depois da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ) formar 496 novos soldados, nesta sexta-feira (9/5), um grupo formado por mulheres que participaram do concurso da corporação em 2010 e não foram convocadas, apesar de aprovadas nos testes, anunciaram um protesto para este sábado (10), em frente ao Clube Municipal da Tijuca, zona Norte da cidade. O ato foi marcado para às 9h, quando o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, estará participando de um compromisso no local.

Segundo uma das organizadoras, a candidata Renata Roque, o ato é em prol das vagas para as excedentes, em torno de 6 mil mulheres aprovadas no concurso. Renata disse ainda que todos os 24 mil homens que participaram do mesmo concurso foram chamados e apenas 3.950 mulheres, das 11.000 aprovadas, tiveram os seus nomes nas listas de convocação. "Enquanto isso, o governo anuncia que em breve fará novo concurso público para 600 vagas", diz ela. 

Dentre os policiais que se formaram nesta sexta (9), 29 são mulheres que passaram por um treinamento de sete meses. De acordo com um texto publicado no portal da PMERJ, as policiais tiveram aulas práticas e teóricas de tiro, abordagem, sobrevivência, polícia comunitária e direitos humanos. O governador Pezão esteve presente na cerimônia de formatura, no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP).

Na quinta-feira passada (8), o governador Pezão garantiu que vai convocar todos os 673 excedentes do efetivo do último concurso da PM. A decisão foi tomada em uma reunião com o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Paulo Melo (PMDB), do deputado Coronel Jairo (PMDB) e de uma comissão representativa dos candidatos excedentes. O estado havia anunciado a chamada de apenas 395 aprovados na próxima segunda-feira (12) e o concurso perde a validade no dia 24 de maio. As mulheres que foram aprovadas mas não participaram dos treinamentos, ficaram fora desse efetivo. 

De acordo com Renata Roque, em janeiro o grupo de mulheres excedentes realizou uma reunião com o comandante-Geral da PM, coronel Luiz Castro, para discutir o assunto. "Ele falou que não queria mais chamar a turma feminina, porque mulher causa prejuízos à corporação, engravida, tem descontrole emocional em tiroteios. A gente só quer uma chance para ingressar na PM", afirma Renata. 

Em nota, a Polícia Militar confirmou que o comandante-geral, Luiz Castro, recebeu o grupo de mulheres e as estimulou a participar do concurso que será aberto em maio/junho. "Em nenhum momento o comandante-geral falou em 'custo' para a corporação. Em nenhum momento mencionou 'gravidez'", diz o comunicado. O comandante nega qualquer ato de discriminação. "Casado, pai de duas filhas, não admite qualquer tipo de preconceito ou discriminação por gênero. O comandante apenas informou que a atividade policial, em sua maioria, demanda esforços que são mais afeitos ao gênero masculino. Um exemplo de atividade essencialmente masculina é a da Polícia de Choque", diz a nota. 

O texto diz ainda que na maioria dos ambientes de trabalho que exigem algum esforço físico, as questões relativas à fisiologia do sexo feminino são consideradas na hora de definir atribuições. "Por sua vez, lembra o comandante, mulheres têm mais aptidões para atividades de grande importância, como o Relacionamento com o Cidadão – tanto que o primeiro comando de UPP no Rio de Janeiro foi de uma mulher, a major Pricilla. Atividades de Gestão e Liderança, que demandam grande esforço intelectual, também são compartilhadas por ambos os sexos", diz o comunicado.