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Mais uma criança é baleada em comunidade pacificada no Rio

Menino de 8 anos foi atingido durante tiroteio no Morro dos Macacos e moradores protestam

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Uma criança de 8 anos foi baleada na tarde desta segunda-feira (5) durante troca de tiros entre policiais e traficantes na UPP Macacos, no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio. O menino foi socorrido por moradores e levado para o Hospital do Andaraí.

De acordo com a versão da Polícia, os PMs da UPP Macacos realizavam patrulhamento na localidade conhecida como Favelinha quando avistaram criminosos armados, que atiraram contra os policiais. Após uma troca de tiros, os traficantes fugiram. 

Na localidade da Rachadura, os mesmos criminosos se depararam com um outro grupo de policiais e houve novo confronto.

A assessoria das UPPs informou que o policiamento foi reforçado na área.

Por volta das 20h, os moradores da comunidade fizeram uma manifestação. Tiros foram ouvidos na localidade conhecida como Pau da Bandeira. De acordo com a assessoria das UPPs, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) foi acionado. Os policiais da UPP Macacos também acompanharam o protesto, assim como um helicóptero da Polícia.

Por volta das 21h, o Túnel Noel Rosa, que liga a Avenida Marechal Rondon ao bairro, foi interditado em ambos os sentidos por cerca de uma hora. A via foi liberada pouco antes das 22h.

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No último dia 22, Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, foi encontrado morto com um tiro e vários ferimentos, na comunidade Pavão-Pavãozinho. De acordo com a Polícia Militar, ele foi encontrado no pátio de uma creche no dia seguinte a um tiroteio entre policiais da UPP e criminosos da comunidade. A família do dançarino aguarda o laudo oficial da perícia para confirmar se houve tortura e se o disparo partiu da arma de policiais.

Já no dia 20, uma idosa de 72 anos foi baleada e morreu durante um confronto entre policiais e traficantes. Arlinda Bezerra de Assis voltava para casa, na comunidade da Grota, após comemorar o aniversário em um almoço de família. Em meio ao fogo cruzado, a idosa se atirou na frente do sobrinho, de 10 anos, para protegê-lo. Os disparos atingiram a barriga e a virilha. Oito dias depois, um rapaz de 17 anos foi assassinado durante uma operação da Polícia Militar. No dia seguinte, outro jovem, Carlos Alberto de Souza Marcolino (21), foi baleado no peito, também durante um confronto entre PMs e traficantes. Até o fechamento desta reportagem, Carlos permanecia internado em estado grave.

Em junho de 2011, André de Lima Cardoso, de 19 anos, foi morto por policiais da UPP Pavão-Pavãozinho. Segundo relatos de moradores, o jovem foi comprar um lanche para a esposa, grávida de 9 meses, quando foi abordado por policiais à paisana e alcoolizados. Após ser agredido com socos e chutes, o rapaz foi liberado. Quando chegou ao final do beco, o jovem foi morto com um tiro nas costas. Os policiais registraram o caso como um auto de resistência. A filha de André nasceu cinco dias após a morte do pai.

Aos 16 anos, Mateus Oliveira Casé foi mais uma vítima da violência policial. Em março de 2013, o adolescente morreu vítima de uma parada cardíaca após uma abordagem violenta de policiais da UPP de Manguinhos, com uso de uma arma teaser. Na ocasião, uma amiga do rapaz contou que eles estavam brincando quando Mateus disse “vai morrer”. Os policiais, então, acreditaram que o garoto se referia a eles e, por trás, deram um choque. Matheus caiu e bateu com a cabeça na calçada. Segundo a jovem, os PMs disseram que ele acordaria em duas horas, mas o adolescente já chegou morto à UPA. Na ocasião, moradores fizeram protestos. Mateus possuía seis anotações como menor infrator: duas por tráfico, duas por furto, uma por tentativa de motim e uma por ameaça.

Em dezembro de 2013, o idoso Joaquim Santana, de 81 anos, foi morto com um tiro no olho. Durante uma abordagem violenta a um grupo de jovens, moradores se revoltaram e causaram um tumulto. Para contê-los, um policial da UPP de Manguinhos deu três tiros para o alto, atingindo o idoso, que estava na sacada de sua casa.

Em março deste ano, outro caso chocou o Brasil. Cláudia Silva Ferreira foi baleada quando saía para comprar pão, no Morro da Congonha. Após ser ferida, a mulher foi jogada no porta mala de uma viatura e levada para o Hospital Carlos Chagas. Contudo, durante o trajeto, o porta mala abriu e Cláudia foi arrastada por 350 metros. Um vídeo, gravado por um cinegrafista amador, registrou quando os policiais foram avisados e saíram do carro para, novamente, jogar a mulher dentro do porta malas.

No último dia 1° de maio, um tiroteio na comunidade da Rocinha matou uma pessoa e feriu gravemente outra. O episódio começou quando policiais da UPP foram surpreendidos por bandidos enquanto faziam o patrulhamento na Rua 2.