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Amigos e familiares se despedem do dançarino Douglas Pereira

Apresentadora Regina Casé participa de velório, que acontece sob clima de forte emoção

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Sob clima de forte emoção e indignação, acontece na tarde desta quinta-feira (24) o enterro do corpo do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na zona sul do Rio. Ele foi encontrado morto com um tiro e vários ferimentos, na comunidade Pavão-Pavãozinho, na zona sul, na última terça-feira (22).

Com a presença de dezenas de amigos e familiares, o corpo está sendo velado desde a tarde de ontem (23) na Capela 7 do cemitério. A apresentadora Regina Casé, do programa Esquenta, da Rede Globo, onde Douglas trabalhava como dançarino, compareceu ao velório. "Se fosse uma pessoa que eu nunca vi na vida, que eu não conhecesse, eu ficaria chocada de qualquer maneira", disse a apresentadora, muito emocionada. "Era um excelente profissional, todas as crianças amam, muito criativo.". Antes do enterro, um grupo de amigos fez uma passeata com faixas e cartazes, do Pavão-Pavãozinho até o São João Batista, pedindo justiça

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De acordo com a Polícia Militar, ele foi encontrado  no pátio de uma creche no dia seguinte a um tiroteio entre policiais da Unidade de Polícia Pacificadora e criminosos da comunidade.

Dez policiais que participaram do tiroteio prestarão depoimentos à Polícia Civil e à própria Polícia Militar, que abriu um procedimento de apuração para entender como ocorreu o tiroteio na noite de segunda-feira (21).

Em comentário feito no dia 22, em sua página na rede social Facebook, a apresentadora Regina Casé, com quem Douglas trabalhava no programa Esquenta, da TV Globo, disse que está arrasada com a morte. “Toda a família Esquenta está devastada com essa notícia terrível. Uma tristeza imensa me provoca a morte do DG, um garoto alegre, esforçado, com vontade imensa de crescer. O que dizer num momento desses? Lamentar, claro, essa violência toda que só produz tragédias assim. Que só leva insegurança às populações mais pobres do país. Agora, é impossível saber exatamente o que houve. Mas é preciso que a polícia esclareça essa morte, ouvindo todos, buscando a verdade”.


Mãe de dançarino vai recorrer à Anistia Internacional para esclarecer morte

A mãe do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, 26 anos, conhecido como DG, Maria de Fátima da Silva disse na manhã de hoje (24) que vai recorrer à Anistia Internacional na próxima semana para que a morte de seu filho não vire “mais um [caso] Amarildo”. Ela fez referência ao ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido desde o dia 14 de julho de 2013, depois de ser levado por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha para averiguação. DG foi encontrado morto na última terça-feira (22) na comunidade pacificada do Pavão-Pavãozinho, na zona sul da capital fluminense.

“Eu quero que esse caso seja investigado até o final. Eu vou para a Anistia Internacional. Vou viajar semana que vem. Eu não vou deixar isso cair no esquecimento. A UPP é uma mentira, é uma farsa. Eles estão chegando, armando estrutura de ferro, colocando pessoas despreparadas dentro dela, onde o inimigo é a população. Meu filho não vai virar uma estatística”, disse a técnica de enfermagem.

De acordo com Maria de Fátima, o dançarino foi torturado. “Meu filho foi torturado até a morte com requintes de crueldade. Eu acompanhei no IML [Instituto Médico-Legal], eu vi. Ele tinha um afundamento de crânio, um corte no supercílio, muito sangue na boca. Ele tinha uma hemorragia no tórax. Ele estava molhado, porém no local não tinha água, só o corpo molhado e toda a documentação molhada.”

Segundo a técnica de enfermagem, os moradores do Pavão-Pavãozinho disseram que os policiais estavam atirando nos transformadores de energia elétrica durante a madrugada para deixar a favela sem energia.

Na noite de segunda-feira (21), policiais da UPP foram checar a denúncia de que o chefe da quadrilha que controla a venda de drogas no Pavão-Pavãozinho estava na comunidade. Na versão da Polícia Militar, ao tentar chegar ao local, os policiais foram alvo de muitos tiros. Eles revidaram, mas tiveram que recuar.

Na manhã do dia seguinte, o corpo do dançarino foi encontrado em uma creche. Segundo a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), os policiais não sabiam que o rapaz foi morto e só descobriram o corpo depois, junto com peritos da Polícia Civil. Um procedimento apuratório foi aberto pela CPP e deve ouvir dez policiais que se envolveram no tiroteio.

A Polícia Civil confirmou ontem (23) que o dançarino foi atingido por um tiro. A informação foi divulgada pelo titular da Delegacia de Ipanema (13ª DP), Gilberto Ribeiro. Segundo laudo do IML, o rapaz morreu devido a uma hemorragia interna decorrente “de laceração pulmonar proveniente de ferimento transfixante do tórax".

Em entrevista à imprensa, o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse que está acompanhando as investigações sobre a morte do dançarino. "Vamos acompanhar com todo o rigor, apresentar [os resultados] à sociedade com toda transparência. E quero pressa nessas investigações, porque isso é fundamental para que nós continuemos esse trabalho [de polícia pacificadora], que hoje atende a 9 milhões de pessoas, com 9 mil policiais que estão em áreas historicamente dominadas pelo tráfico."

Amigos de dançarino fazem passeata até cemitério onde corpo é velado

Moradores do Morro Pavão-Pavãozinho, na zona sul da capital fluminense, fizeram hoje (24) uma passeata até o Cemitério São João Batista, onde o corpo do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira está sendo velado. No trajeto até o cemitério, que fica em Botafogo, também na zona sul do Rio, o grupo recebeu aplausos da população.

A técnica de enfermagem Maria de Fátima Silva, mãe do jovem, pediu que o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, garanta justiça nas investigações do crime. O jovem foi encontrado morto em uma creche no Pavão-Pavãozinho na última terça-feira (22).

"Eu quero justiça. Vou tomar para mim a bandeira do meu filho. Vou à Anistia Internacional, vou viajar para mostrar isso a todo o Brasil. Ele não vai ficar no esquecimento, não vai virar mais uma estatística, porque eu estou aqui para lutar", desabafou.

Em entrevista à imprensa ontem (23), Beltrame disse que está acompanhando as investigações sobre o caso. "Vamos acompanhar com todo o rigor, apresentar [os resultados] à sociedade com toda transparência. E quero pressa nessas investigações, porque isso é fundamental para que nós continuemos esse trabalho [de polícia pacificadora], que hoje atende a 9 milhões de pessoas, com 9 mil policiais que estão em áreas historicamente dominadas pelo tráfico."

Com Agência Brasil