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Moradores retornam à Prefeitura e são cercados pela Guarda Municipal

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Os ex-moradores da Favela da Telerj que ocupavam a Prefeitura foram levados para Del Castilho durante a tarde desta segunda-feira (14), onde preencheram um cadastro do Programa Minha Casa Minha Vida e foram convidados para se encaminhar a abrigo. A maioria preferiu não ir e retornar à sede governo municipal. Em frente ao local, senhas estavam sendo distribuídas para cadastro no Cadastro Único, que não teriam contemplado todos os presentes. Por volta das 21h, guardas municipais teriam fechado o acesso da Passarela, onde se concentram os manifestantes. Alguns ônibus estariam chegando ao local para encaminhar os ex-moradores a abrigos municipais.

Em reunião realizada nesta segunda entre a Prefeitura, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social, e lideranças da ocupação, teria ficado decidido que a Prefeitura iria cadastrar as famílias, que a comissão de lideranças entregaria uma lista dos participantes ao Poder Público amanhã (15) e que os cadastros seriam analisados para "garantir o acesso aos programas sociais da Prefeitura". Mediante isso, os representantes dos sem-teto que estão acampados desde sexta-feira (11) em frente à Prefeitura, aceitaram sair do local para fazer um cadastramento que permite a integração em programas municipais. 

Com as chuvas que caíram ontem, os manifestantes tiveram que se abrigar na passarela da Estação Cidade Nova do metrô.

>> Desocupação: manifestantes entram em confronto com a Guarda Municipal

Entenda o caso

Os manifestantes fazem parte do grupo de, aproximadamente, 5 mil pessoas que foram retiradas de um prédio da empresa telefônica Oi, no Engenho Novo, por ação policial, após uma ocupação que durou cerca de 11 dias. Durante o processo de reintegração de posse, houve violência policial e tentativa de impedir o trabalho da imprensa, o que incluiu a prisão de um jornalista. Para especialistas, faltou política pública para impedir que o prédio da Oi permanecesse desocupado por dez anos, antes do episódio, sem atender à função social da propriedade.

O acordo prevê que os manifestantes que não têm onde ficar procurem os abrigos da prefeitura, segundo Maria José Silva, uma das representes do grupo. Nesta segunda (14), outros porta-vozes dos moradores haviam criticado a oferta, alegando que os abrigos não eram adequados: "Não aceitamos abrigo. Como a gente vai colocar nossas crianças dentro de um abrigo onde têm pessoas que usam entorpecentes?", questionou Iara Silva, que integra a comissão de representantes.

Para Maria José, o acordo é uma forma de retomar as negociações: "A gente espera que eles realmente vejam as necessidades das pessoas. Nós aceitamos porque esse é um pontapé inicial para que seja feita alguma coisa".

No cadastramento, a prefeitura vai conferir quem já é cadastrado em programas sociais e que necessidades que cada família tem, para que, então, os desabrigados sejam inseridos em ações sociais. Amanhã pela manhã deve ser feita uma nova reunião, para discutir os próximos passos da negociação: "O povo que está aqui desde sexta-feira acampado quer uma solução logo", disse Maria José.