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Rio de Paz realiza protesto no Jacarezinho contra altos custos da Copa

ONG quer visita de Blatter à favela e chamar a atenção da Fifa para as condições sociais do local

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A ONG Rio de Paz realiza neste sábado (5/4) um ato público na comunidade do Jacarezinho, Zona Norte do Rio de Janeiro, contra os altos investimentos para a Copa do Mundo da Fifa no Brasil. O protesto teve início às 10h30, com crianças pintando cruzes vermelhas em 400 bolas de futebol, simbolizando o dinheiro público investido no evento mundial e que poderia ter sido usado para a construção e reforma de escolas, hospitais e melhoria da segurança pública.

No final da manhã, moradores da comunidade, portando bolas e cartazes, se reuniram para uma grande foto, que será enviada ainda hoje à Fifa. O evento será encerrado com as bolas de futebol sendo chutadas para o alto, dramatizando o "chute na miséria e na falta de critério no uso de verba pública", segundo o fundador da ONG, Antônio Carlos Costa. 

De acordo com Antônio, a manifestação tem como meta solicitar a visita do presidente da Fifa Joseph Blatter à favela, situada a três quilômetros do Maracanã, além de chamar a atenção da entidade esportiva para as condições sociais do local, para que os organizadores da Copa possam entender as razões pelas quais milhões de brasileiros mostram-se indignados com o investimento de fortuna de dinheiro público no torneio, enquanto milhões no país vivem em estado de exclusão social e dependem de serviços públicos de qualidade "inaceitavelmente" e "inferior a dos estádios Padrão Fifa". O ato pedi ainda para que a Fifa invista parte do lucro da Copa do Mundo na comunidade.

"A manifestação será inédita. Realizada dentro da favela, pacífica, criativa e tendo como protagonista o excluído. No mesmo dia em que o exército ocupa as favelas da cidade, os moradores da comunidade pobre pedirão ao poder público municipal, estadual e federal que enviem para o Jacarezinho pelotões de médicos, professores, arquitetos, engenheiros, assistentes sociais, garis. Esperamos que a Fifa nos ajude, dividindo os lucros com o pobre e mostrando responsabilidade social à altura do padrão de qualidade que exige para os estádios de futebol onde serão disputadas as partidas da Copa do Mundo. Não estamos envolvidos em nenhuma tentativa de boicote à Copa. Esperamos que todos os torcedores estrangeiros sintam-se em casa no nosso país. Não podemos, contudo, ficar calados. O que foi feito com o dinheiro do contribuinte à revelia do povo brasileiro não é justo. Por decisões como essa, tão reveladoras da falta de interesse da classe governante pelo bem estar da população, que nós brasileiros não nos sentimos em casa no nosso próprio país", afirma Antônio.