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UPP: Cantagalo tem duas pessoas baleadas e confronto nesta quarta-feira

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Moradores das comunidades do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, entraram em pânico na manhã desta quarta-feira (2), por causa de um confronto entre policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da região e traficantes. 

Segundo relatos dos moradores, dois rapazes foram baleados, um deles no peito. O clima é tenso no local e policiais tentam dispersar um grupo de manifestantes com bombas de efeito moral. Tiros são ouvidos no local.

De acordo com moradores que pediram para não terem as suas identidades reveladas, por volta das 7 horas de hoje, dois policiais da UPP atiraram à queima roupa em dois rapazes que estavam conversando, sentados em um sofá que fica em frente à Escola de Samba Alegria da Zona Sul, na localidade conhecida como Beco do Mituca. Segundo os relatos, os PMs estavam à paisana e tinham encerrado o plantão da madrugada. "Os dois policiais estavam em uma moto e se aproximaram dos rapazes sentados no sofá. Um dos PMs desceu da moto e sem falar nada atirou contra os homens, acertando no peito de um deles e as pernas do outro. Depois subiu de novo na moto e fugiu, mas quem estava perto do local e viu o crime, reconheceu os dois policiais", contou um morador.

O mesmo morador contou ainda que um dos rapazes baleado é conhecido pelo apelido de Matraca, já teve passagem pela polícia e tem envolvimento com o tráfico de drogas na comunidade. Já o outro homem, segundo o relato, é viciado em crack e trabalha como artista plástico. Um grupo de moradores revoltados começou um protesto contra os policiais, incendiando pneus e pedaços de madeira perto de um dos colégios localizados no Cantagalo. Policiais da UPP tentaram dispersar os manifestantes usando bombas de efeito moral e por volta das 10h foram ouvidos tiros em um dos acesso do morro.

Segundo a Coordenadoria de Polícia Pacificadora, os policiais da UPP do Pavão-Pavãozinho/Cantagalo foram chamados por moradores da comunidade para prestar socorro às vítimas, que foram socorridas e encaminhadas ao Hospital Municipal Miguel Couto, também na Zona Sul da cidade. O comunicado esclarece que um grupo de moradores iniciou um protesto, que foi acompanhado pelos policiais e o policiamento das ruas que dão acesso ao morro foi reforçado por homens do 23.º BPM (Leblon). Um homem foi detido por policiais da UPP após incitar moradores e incendiar lixeiras no interior da comunidade, e encaminhado para a 13.ª DP (Ipanema).

>> Moradores reclamam de violência de PMs em abordagem no Pavão-Pavãozinho

Comunidade conta que o clima é tenso desde o final do ano

Uma moradora do Cantagalo contou ao Jornal do Brasil que, na semana passada, uma pichação despertou um clima de tensão na comunidade. "Surgiu um símbolo do Batman [super-herói de histórias em quadrinhos] em um dos muros lá do Vietnã [como é conhecida uma das localidades no morro], com os dizeres 'Comando azul, é proibido traficar. Estamos chegando'. Todo mundo entendeu que o recado era dos policiais para os traficantes e já prevemos dias de conflito", disse a moradora. 

Desde o final do ano passado que os moradores das comunidades do Cantagalo, Pavão- Pavãozinho reclamam dos constantes tiroteios entre policiais da UPP e traficantes. "Há alguns dias, um grupo de policiais entrou no teleférico e subiu agachado nas gôndolas até a parte alta, onde estavam os traficantes. O confronto foi violento, muitos tiros e a população ficou apavorada", contou uma moradora ao Jornal do Brasil, no dia 25 de janeiro. Essa mesma pessoa destaca que o clima é de tensão na comunidade desde a morte do morador Petrick Costa dos Santos, de 21 anos, atingido por PMs da UPP do Pavão Pavãozinho no Morro do Cantagalo, em 17 de janeiro. 

No dia 25 de janeiro, uma sequencia de confrontos entre traficantes e moradores do Pavão Pavãozinho e policiais do Bope resultou em uma idosa e um PM feridos. O tumulto começou por volta das 22h,  com troca de tiros entre a tropa de elite da PM e traficantes que atuam na região. E no mesmo dia, durante uma blitz feita por PMs da UPP, moradores relataram atos de truculência dos policiais e um rapaz que chegava na comunidade em uma moto teve seus pertences apreendidos. O fato gerou revolta na população e teve início novo tumulto. De acordo com os moradores, os PMs responderam com spray de pimenta e uma idosa foi atingida e passou mal.