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Beltrame nega que ocupação da Maré esteja relacionada com a Copa do Mundo

"A Copa vai e a Maré continua. Estamos pensando no cidadão carioca"

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O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, anunciou na tarde desta segunda-feira (24), que a instalação de uma nova Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, não tem nenhuma ligação com os últimos ataques às sedes de UPPs, que ocorreram na semana passada. Beltrame também acrescentou que a ação não tem qualquer vínculo com a proximidade do mundial da Copa do Mundo, em junho deste ano.

Em coletiva a imprensa, o secretário afirmou que a estratégia para combater o tráfico e futuros ataques a policiais militares será avançando com as ocupações de territórios dominados pelo tráfico. “Os criminosos estão atacando de uma forma covarde, atirando pelas costas de policiais, tentando enfraquecer nosso programa. Nós [Estado] vamos mostrar para eles [criminosos] que o Estado fluminense e brasileiro tem mais força. A UPP da Maré já estava planejada para ser instaurada neste ano. Nossa resposta ao tráfico é ocupar territórios que estão em domínio de criminosos. Não há relação da Maré com os últimos ataques. Estamos instalando uma UPP na Maré para diminuir a área de atuação do tráfico”, disse.

Beltrame também explicou como será a ocupação da UPP no Complexo da Maré com o apoio das Forças Armadas. “No primeiro momento o estado irá ocupar, permanecer lá [no Complexo da Maré] por um período, e depois, passar o comando para o exército brasileiro. No momento que o GLO [Garantia da Lei e da Ordem] for instalado, o exército brasileiro será responsável pela ocupação, como aconteceu no Complexo do Alemão [2008]. O estado vai entrar antes, mas apenas para fazer um projeto de inteligência e  as medidas antecedentes à ocupação. Entrar não é o problema das forças estaduais, o problema é permanecer. A Maré não é um lugar simples para ocupar. Nós [estado] não temos condições, por enquanto, para ocupar toda a região. Inicialmente a ideia é manter 1500 homens nessa nova UPP”, afirmou.

O secretário negou a hipótese da instalação da nova UPP estar relacionada com a proximidade da Copa do Mundo e a preocupação com futuros ataques. Vale ressaltar que a região é próxima das três vias mais importantes do estado e do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim/Galeão, na Ilha do Governador. “Não estamos pensando na Copa do Mundo, estamos pensando no cidadão carioca, nos policiais militares que estão morrendo nessa luta contra o tráfico. Não vamos ocupar a Maré por conta da Copa do Mundo, a Copa vai e a Maré continua. Não há ligação dessa ação com a Copa. Essa ação irá contribuir de uma maneira indireta para a segurança das Linhas Vermelha e Amarela e a Avenida Brasil, mas o que se quer ali, de fato, é demonstrar que o estado tem força e propósito para proteger os moradores dali”, explicou.

O cenário violento, que levou as forças policiais do Rio de Janeiro a permanecerem em alerta máximo, no fim de semana, teve início na última quinta-feira (20), quando criminosos atacaram cinco postos da UPP do Conjunto de Favelas de Manguinhos, também na zona norte do Rio. No atentado, dois carros da PM foram incendiados e o capitão da UPP e outro militar, não identificado, foram baleados. No mesmo dia, a base da UPP do Morro Camarista Méier, no Conjunto de Favelas do Lins, também foi alvo de criminosos.

Após o episódio, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, foi a Brasília, juntamente com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, pedir à presidente Dilma Rousseff o apoio de tropas federais na segurança das comunidades do Rio de janeiro. O decreto que autoriza o uso das Forças Armadas em ações policiais no Rio foi anunciado na manhã de hoje pelo governador. No início da tarde, Cabral também informou sobre a instalação da nova UPP da Maré, com apoio das Forças Armadas na ocupação.

O secretário não quis adiantar quando e nem quanto tempo vai durar a ocupação. Ele disse que  a princípio será somente com o Exército e descartou a Marinha e a Aeronáutica. A Polícia Federal vai ajudar com o serviço de inteligência e a Polícia Rodoviária Federal vai auxiliar no cerco aos acessos.

*Do projeto de estágio do Jornal do Brasil