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Quarta-feira de Cinzas e de lixo. Greve dos garis continua no Rio

Comlurb afirmar que o esquema especial de carnaval é normal, mas cidade parece abandonada

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Fantasias danificadas, garrafas e latas de bebidas, restos de comidas, sacos plásticos, copos e muitos outros detritos espalhados ou acumulados pelas ruas tomadas pelo mau cheiro. Assim amanheceu o Rio de Janeiro nesta Quarta-feira de Cinzas (5/3), após quatro dias de greve dos garis na cidade. A categoria continua paralisada e a Comlurb garante que o serviço será normalizado até quinta-feira (6).

Em entrevista na manhã desta quarta (5), o presidente da companhia, Vinícius Roriz, informou que a prefeitura vai contratar garis em caráter de urgência. Um grupo pequeno de trabalhadores fazia a limpeza nas vias do Aterro do Flamengo, Zona Sul nesta manhã. "Nós já fizemos um concurso há uns meses atrás que já tem um banco de pessoas preparadas para assumir as funções. Então , algumas pessoas já vão assumir imediatamente e outras serão chamadas para poder trabalhar", disse Roriz.

A Comlurb informou na terça-feira (4/3) que vai demitir cerca de 300 garis que não retornaram aos seus postos no plantão que começou às 19h da última segunda-feira (3/3), quando a companhia já havia fechado acordo com o Sindicato dos Empregados das Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro e a Justiça considerado o movimento de paralisação ilegal. A empresa justificou que a demissão está prevista na cláusula 65 do acordo firmado com o sindicato. Já a categoria não concorda com as propostas acertadas entre prefeitura e sindicato e mantém a greve que começou no sábado passado (1o.). Juristas entrevistados pelo Jornal do Brasil consideram a decisão da prefeitura "questionável" e "arbitrária".

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O acordo

De acordo com a negociação firmada entre a Comlurb e o Sindicato dos Empregados das Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro, um gari em início de carreira terá o piso salarial R$ 874,79 com 40% de adicional de insalubridade, totalizando um vencimento de R$ 1.224,70. Garante ainda 1,68% dentro do Plano de Cargos, Carreiras e Salários, com progressão horizontal. Outros benefícios acertados são: bônus de 100% na hora extra para quem trabalhar nos domingos e feriados, mantendo o direito à folga; plano odontológico para todos; ampliação do prêmio do seguro de vida de R$ 6 mil para R$ 10 mil; aumento do vale-alimentação de R$ 12 para R$ 16; auxílio-creche para ambos os sexos e acordo de resultados possibilitando um 14º e 15º salário. 

Mas os trabalhadores alertam que os reajustes e benefícios acordados agora são direcionados apenas para quem está na ativa, excluindo os acidentados e aposentados. Os garis também não concordam com o valor acertado do vale-refeição, que foi de R$ 16. Eles pedem R$ 20 popr dia. 

Protestos no carnaval

Após a Comlurb anunciar a demissão dos garis em greve, cerca de 500 trabalhadores retornaram às ruas nesta terça-feira (4/3) para protestar contra a decisão. O grupo caminhou da Central do Brasil até a sede da prefeitura, fechando a única faixa da Avenida Presidente Vargas liberada ao trânsito, por conta do desfile das escolas de samba do Grupo Especial. O Batalhão de Choque da Polícia Militar acompanhou a manifestação. 

Desde sábado a categoria organiza protestos diários pelas ruas do Centro da cidade, pedindo melhores condições de trabalho, reajuste salarial, vale-refeição e pagamento de hora extra. No sábado (1o.), centenas de garis que caminhavam em direção ao Sambódromo entrou em confronto com a Tropa de Choque da Política Militar na Avenida Presidente Vargas, a pouco metros da sede da prefeitura. O conflito aconteceu quando os policiais tentaram impedir a passagem dos garis no entorno da sede do governo municipal. Pouco depois de breve negociação, a caminhada foi reiniciada e os policiais usaram bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. 

Os dias de carnaval foram marcados pela manifestação dos garis, enquanto as ruas da cidade eram tomadas por montanhas de lixo e mau cheiro. Aos gritos de "nesse Carnaval o prefeito vai varrer sozinho" e "o gari acordou", cerca de 500 garis se reuniram em frente a Central do Brasil na segunda-feira passada (3), dando continuidade ao movimento, que se extende sem acordo entre as partes nesta Quarta-feira de Cinzas.