Um flagrante registrado pelo fotógrafo Douglas Shineidr do Jornal do Brasil, às 14h30 desta quinta-feira (23), mostra um jovem sendo detido por policiais após roubar um cordão no Leblon. O crime reforça os últimos dados sobre a segurança na cidade e os relatos de moradores da Zona Sul, que se queixam do aumento no número de roubos.
Arrastões registrados nas praias já chamaram a atenção das autoridades e até da imprensa internacional. Como se não bastasse, arrombamentos de apartamentos e roubos a pedestres e motoristas estão se tornando uma rotina que assusta cariocas e turistas. Moradores do Leblon, frequentadores da praia e vendedores de quiosques denunciam que o aumento do número de roubos na orla tem sido alarmante.
Os últimos números do Instituto de Segurança Pública (ISP) também comprovam estatisticamente o aumento dos índices de criminalidade, em especial os roubos e furtos. Na comparação com os meses de setembro de 2012 e do ano passado, foi registrada alta nas duas categorias, em todos os bairros da Zona Sul. Na região que inclui Leblon e Ipanema, além de bairros como Gávea, Jardim Botânico e Lagoa, foram 367 ocorrências de furtos, e 117 de roubos, em setembro de 2012. No mesmo mês do ano passado, os números foram respectivamente 481 e 161. Um aumento de 31% nos furtos, e de 37% nos roubos.
A presidente da Associação de Moradores e Amigos do Leblon (AMALeblon), Evelyn Rosenzweig, confirma o recente quadro turbulento do bairro. Segundo a moradora, os índices de criminalidade atingiram níveis elevados, e crimes que jamais ocorreram na região passaram a ser rotina, como roubo frequente de motos e bicicletas. A moradora se diz “impotente” e reclama da visível diminuição de contingente policial.
“A situação está caótica. Infelizmente, eu me sinto muito impotente porque recebo sempre essas informações, as pessoas registram [na Delegacia], algumas vezes são tentativas [de assalto], então a pessoa não registra. A questão é que o índice é bárbaro. São furtos de bicicletas e motos, coisa que nunca tivemos na vida. Sempre repassamos para o Batalhão, mas fazem o que? A PM [Polícia Militar] tem uma enorme falta de efetivo, existe um déficit de efetivo muito grande e essa é a realidade que a gente tem aqui”, lamenta Evelyn.
Na região que abrange Glória, Catete, Laranjeiras, Flamengo, Cosme Velho, Humaitá, Botafogo e Urca, área onde os roubos e furtos já têm se tornado rotineiros no cotidiano dos moradores, a situação não se mostra diferente. Foram 592 ocorrências de furtos, e 298 de roubos, em setembro de 2013, enquanto no mesmo mês de 2012, os números foram de 497 e 118, respectivamente.
No Leme e em Copacabana, a alta também é evidente: o ISP registrou 108 roubos e 539 furtos em setembro de 2013, enquanto os casos de roubos do mesmo período de 2012 somaram 83 ocorrências, e os furtos, 411. O mês de janeiro de 2013, período de intenso recebimento de turistas, especialmente no bairro de Copacabana, os furtos atingiram incríveis 1.383 casos, aumento de 236,5%.
Moradores de toda a região já reclamam há meses dos problemas de segurança nos bairros da Zona Sul da cidade. Na altura do Posto 11, os residentes, banhistas e vendedores de quiosques afirmam que o local se tornou problemático em questões de violência, principalmente em relação a assaltos e furtos. A presidente da AMA-Leblon alerta que os transtornos já são uma representação do bairro, mas que a crise no setor de segurança é uma realidade de todo estado do Rio de Janeiro, da Zona Sul à Baixada Fluminense.
“É um retrato do bairro. Mas isso não acontece só no Leblon, mas em todo o estado do Rio de Janeiro, que está com problema sério de segurança pública. O problema é que o Leblon chama atenção pela concentração de renda maior, assim como Ipanema, onde está concentrado o dinheiro, e também por conta da facilidade mesmo”, e ainda acrescenta: “A Polícia tem que ser ostensiva, não existe milagre. São vários assaltos. Recentemente, uma moradora estava saindo de casa para pegar táxi e foi assaltada. É um problema assustador”, revolta-se a moradora.
Procurada pela matéria do 'JB', que questionou informações sobre o furto registrado no flagrante e se ações ostensivas de segurança estão previstas para conter o avanço da criminalidade na orla, a Polícia Militar não retornou o contato até o fechamento desta matéria.