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Rio conquista ampliação hoteleira, mas ainda precisa garantir ocupação

Presidente da ABIH-RJ aponta urgência de calendário robusto e centro de convenções na Zona Sul

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A criação de novos quartos na cidade do Rio de Janeiro, para atender à demanda na Copa e Olimpíadas, superou as expectativas. A capital fluminense atraiu grandes redes hoteleiras como a Hilton e, até 2016, deve ganhar 15 mil novos quartos. Existe o perigo, no entanto, de uma superoferta hoteleira, que pode reduzir a ocupação dos hotéis, caso o Rio não ganhe atrativos suficientes para além dos grandes eventos internacionais dos próximos anos. Um calendário robusto - com eventos internacionais em todos os meses do ano - poderia ser a solução. A cidade, contudo, tem perdido eventos para São Paulo, por exemplo, devido a dificuldades como o transporte entre seu único grande centro de convenções, o Riocentro, e a Zona Sul do Rio, que concentra a maior parte dos empreendimentos hoteleiros.

Alfredo Lopes, presidente da Associação da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ) e do Rio Convention & Visitors Bureau, acredita que o número de novos quartos que a cidade deve ganhar até 2016 ultrapassou em muito a real necessidade, e teme que a "superoferta" afete os índices de ocupação. Ele lembra que a Copa do Mundo não exigia a criação de novos quartos, mas que as Olimpíadas pediam 10 mil novos quartos. De 2010 a 2016, segundo números da ABIH-RJ, a cidade deve ganhar 15 mil novos quartos. Para que todo esse investimento não seja em vão, é preciso garantir mais visitantes. A solução, defende, seria investir em um calendário robusto de eventos e em um centro de convenções mais próximo ou na Zona Sul. Lopes sugere ainda que o Rio comece a se promover em mercados novos no exterior, como na China, Japão, Coreia do Sul e nos mercados árabes.

"Os hoteleiros foram incentivados a construir novos hotéis, a cidade começou a ser falada em todo o mundo, surgiram muitas coisas positivas e, com aquele glamour, passamos a ter uma grande procura. A rede Hilton - nunca se pensou nisso - vem para cá, a Ramada também. A gente acha que vai ter quase 15 mil, 16 mil novos quartos até as Olimpíadas - 6.800 novos quartos até a Copa. A nossa preocupação agora é que nós temos que atrair mais turistas. Londres, por exemplo, depois das Olimpíadas, fez um calendário de eventos forte. Dubai conseguiu a Expo 2020, que São Paulo estava concorrendo. O Rio, hoje, tem que pensar em concorrer com o mundo inteiro", comentou.

O presidente aponta que Dubai, nos Emirados Árabes, tem 80 mil quartos de hotel e vários centros de convenções, tudo do mesmo dono, que também possui a Emirates, e a vantagem de oferecer condições especiais a organizadores de eventos. Outro fator que afeta a concorrência do Rio no mercado turístico, indica Lopes, é que nossos países vizinhos não têm a mesma atratividade dos vizinhos de Londres, por exemplo. 

Neste ano, uma feira que era realizada no Rio de Janeiro há anos foi transferida para São Paulo. Na ocasião, o responsável ressaltou que o preço dos hotéis cariocas havia motivado a mudança. Quem participava do evento todos os anos, todavia, sabe das reclamações relacionadas ao trânsito entre o Riocentro e a Zona Sul. Um centro de convenções mais próximo na Zona Sul, então, poderia reconquistar eventos que saíram daqui e atrair outros. Lopes destaca que chegou a ser cogitada a possibilidade de um novo centro no Forte do Leme, mas que a ideia não foi para a frente devido a dificuldade de articulação. Ele propõe que sejam construídos centros de convenções em grandes hotéis ou ainda que seja reaberto o Hotel Nacional, que tinha um centro de médio porte. Questionado sobre a viabilidade de um novo grande centro de convenções na Zona Portuária, ele aponta que esta poderia ser uma solução viável.

"Temos o centro de convenções Sulamérica, no Centro, mas precisaríamos de uma área melhor. A Zona Portuária, quem sabe, poderia receber, se conseguirmos um transporte mais eficiente. A pessoa poderia sair de barco do forte de Copacabana e chegar lá rapidamente. A verdade é que outras cidades do mundo encontraram essas soluções", disse. 

O Rio (capital) conta com 33.500 mil quartos em operação, segundo dados da Rio Negócios. Desses, 22 mil são da hotelaria convencional. Os demais são albergues, pousadas, cama e café. Cerca de cinco mil novos quartos estão em construção e outros cinco mil estão licenciados pela Prefeitura. A ABIH-RJ estima que até 2016 entrem em operação cerca de 15 mil novos quartos, contabilizados a partir de 2010. Em 2012, foram mil novos quartos. Neste ano, pelo menos 1.500 outros entrarão em operação. De acordo com Lopes, a maioria dos novos quartos está na Barra, que tem áreas maiores e maior potencial, a zona portuária também está atraindo muitos empreendedores e a Zona Sul "não tem terreno". 

"Sessenta e oito por cento da hotelaria do Rio está na Zona Sul, só que nosso centro de convenções está no Recreio, e aí, mesmo nos próximos anos, porque ainda não vejo solução para nosso trânsito, demora duas horas para chegar de um ponto a outro. (...) O Rio tem que ter atratividade. Nova York é caro e está sempre lotado. Tem vinte peças da Broadway, museus fantásticos. Em Paris, em festival de pâtisserie, a diária triplica, mas todo mundo vai", alerta.