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Violência cresce na Lapa, mas Prefeitura intensifica segurança na Zona Sul 

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Enquanto a prefeitura incrementa a segurança na Zona Sul do Rio, com o início da Operação Verão, no Centro, a Lapa - outra importante área turística da cidade - vive o abandono e enfrenta o crescimento da violência. Em menos de 24 horas, dois casos foram registrados: o jovem Conrado Paes, de 19 anos, foi esfaqueado e morto durante um assalto, no domingo; e na noite desta segunda-feira (2) um morador de rua também foi assassinado na Rua da Lapa. Assim como tem ocorrido nas areias das praias da Zona Sul, a região da Lapa tem sido palco de arrastões, assaltos e assassinatos. Importante destino dos turistas na noite carioca, a bairro já contabiliza prejuízo no seu comércio ao sair da lista de preferência dos visitantes mais preocupados com a segurança.

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De ponto de encontro dos boêmios e turistas, os Arcos da Lapa se transformou em reduto de usuários de crack e moradores de rua, que durante o dia aproveitam o movimento do local para praticar pequenos furtos e, na parte da noite, se concentram para fazer uso de drogas e prostituição. A região da Lapa é composta por 13 ruas e em todas elas o índice de criminalidade aumentou de forma assustadora, especialmente pela falta de infraestrutura urbana, com iluminação e policiamento deficientes.

A Rua do Lavradio, que fica bem próxima aos Arcos da Lapa, é uma das mais tradicionais da cidade e abriga bares, restaurantes e uma feira de antiguidade. Além disso, ela é um dos principais alvos dos bandidos, que não se intimidam com a delegacia da Polícia Civil que funciona nesta mesma via. O assassinato do jovem Conrado Paes aconteceu em uma das avenidas que cruza a Rua do Lavradio, a Chile, localizada a poucos metros da DP. O Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro também bem perto do coração da Lapa, na Rua Evaristo da Veiga, uma das rotas da marginalidade, especialmente a noite.

O sociólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Francisco Carlos Teixeira, tem um ponto comercial na Lapa. Teixeira avalia o sentimento dos comerciantes deste bairro, que segundo ele é de total abandono pelas autoridades de segurança pública, além de um medo constante e crescente, já que as ruas que servem como eixo de ligação com o Centro do Rio foram tomadas por deliquentes e transitar por elas é se expor ao risco de morte. 

Para Teixeira, o atual retrato da cidade aparenta um colapso nas políticas de segurança pública e falta de controle da violência pelo governo. "As UPPs [Unidade de Polícia Pacificadora] foram implantadas em ações rápidas nas comunidades. No entanto, as autoridades esqueceram de preparar os seus policiais para atuar no policiamento ostensivo na cidade. As consequências são essas que estamos vivenciando. Fica a impressão de ações eleitoreiras, apenas", disse Teixeira. 

Policiais Militares do 5º BPM (Centro) realizaram uma operação conjunta de acolhimento de moradores de rua e dependentes químicos nesta terça (03), na região da Lapa e Avenida Chile. A ação contou com agentes da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Guarda Municipal e da Subprefeitura. Das 53 pessoas que foram conduzidas a 5ª DP (Mem de Sá), 42 eram adultos e dois deles continuam detidos. Os 11 menores foram encaminhados para o Abrigo Municipal. Na ação, foram apreendidas sete facas, duas tesouras e um estilete.