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Cabral gasta R$ 3,7 milhões com kits contra distúrbio

Novos equipamentos de segurança serão para a tropa de elite da PM

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Os efeitos dos confrontos entre manifestantes e policiais militares do Batalhão de Choque estão esbarrando em um dos temas mais questionados durante os protestos no Rio de Janeiro: a redução de gastos públicos. Um edital de licitação publicado no Diário Oficial informa que o governo do Rio vai investir em novos equipamentos de segurança para a tropa de elite da PM, visando um melhor desempenho em futuros confrontos nos grandes eventos.

A concorrência pública é justificada pelo fato da PM “ter-se deparado com diversas ocorrências de manifestações civis”. Os mil kits para “Distúrbios Civis” serão compostos por 11 peças, todas preparadas para proteger o militar e, segundo o edital, traduzirá em “menos traumas e lesões nos policiais e nos manifestantes”. A aquisição acarretará num custo de R$ 3,7 milhões aos cofres públicos. O pregão para a compra dos equipamentos já tem data marcada, será no dia 11 de julho.

Com um contingente 1,2 mil policiais, o Batalhão de Choque recebeu na sua última aquisição 200 kits CDC (Controle de Distúrbio Civil), que estão sendo utilizados na segurança dos atuais protestos. O novo kit foi projetado visando proteger a tropa de elite em confronto físico, composto por protetores para cabeça, tronco, antebraço, joelho, mãos, rosto, além de escudo e coldre para pistola. A diferença entre os dois kits – antigo e novo – é a qualidade do material. Os novos capacetes são resistentes à penetração de objetos pontiagudos, o protetor de mãos suporta chamas de até 427 graus, além de um sistema de hidratação, parecido com uma garrafa para armazenar cerca de dois litros de água, com tratamento antimicróbios e um canudo para sucção.

PM tem estratégias ultrapassadas

Na avaliação do ex-capitão do Bope e especialista em Segurança Pública, Paulo Storani, as recentes manifestações no Rio de Janeiro e em todo o país apresentam características bem distintas dos atos públicos registrados em outras épocas. Para Storani, não tem como identificar uma liderança entre as centenas de grupos participantes nos protesto recentes. Ele aponta esse fator como limitador na atuação da polícia, na tentativa de neutralizar as ações violentas. Storani destaca que a corporação precisa reavaliar os seus métodos, que estão ineficientes e ultrapassados para o cenário nacional, necessitando de uma reorganização nas suas práticas para evitar lesões graves às massas e aos PMs.

- As manifestações são legítimas e democráticas, mas devem permanecer num limite social já estabelecido. O que está acontecendo é que pequenos grupos, apenas uns 5% dos manifestantes, estão se denominando anarquistas e estimulando a violência no meio das massas. Eles se infiltram nos atos pacíficos, promovem uma ação violenta e quando começa o confronto, eles se retraem. O prejuízo nesse caso já é irreparável, avalia Storani.

Para o especialista, as cenas registradas em confrontos no entorno do Maracanã, na Quinta da Boa Vista e em outros enfrentamentos pela cidade, com uso de bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral e das balas de borracha, comprovam o despreparo da tropa de choque da PM para combater esse tipo de crise e para desarticular os grupos ditos anarquistas.

- Quando a PM combate os focos de violência sem identificar os líderes dos vândalos, está dando voz a eles, fazendo exatamente o que eles planejaram. É necessário, em primeiro lugar, detectar essas lideranças, através do serviço de inteligência, para depois neutralizar as suas ações nos grupos manifestantes, explica o ex-capitão do Bope.