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Insegurança é constante na Zona Sul, apesar de reforço de policiais  

Maquiagens nos bairros para os grandes eventos não condizem com a realidade

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A insegurança de quem mora na Zona Sul continua devido à crescente criminalidade nas ruas dos seus bairros. No entanto, com a chegada de mais turistas, por conta da preparação e realização dos grandes eventos no Rio, bairros estão limpos, com poucos lixos e moradores de rua, além de notavelmente terem reforço de policiamento, o que para as associações de moradores do Leblon e de Ipanema, não condizem com a realidade. A presidente da Associação de Moradores e Amigos do Leblon (Ama-Leblon), Evelyn Rosenzweig, diz que o reforço no policiamento no bairro do Leblon foi “midiático”. Ela também atribui a redução do efetivo às pacificações.

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“Nós percebemos um aumento do policiamento sim, mas estamos inseguros, porque não há garantia de que vão ficar no bairro. Eles vieram do programa RAS (Regime Adicional de Serviço) e são apenas dez homens. Eu disse ao governador do Rio, que mora no nosso bairro, que não adianta aumentar o policiamento midiaticamente. O certo é que façam parte da escala do efetivo dos policiais. Eu atribuo sim às UPPs essa redução. Eram 1.100 homens há 18 anos. Hoje não chegam a 700 e não há concursos. Não sou contra às UPPs, mas temos que considerar que os trabalhadores do tráfico não viraram ex-bandidos. Continuam querendo celular novo e dinheiro no bolso”, afirma Evelyn.

A opinião, em consenso com a maioria dos residentes de bairros que tiveram suas comunidades pacificadas, mais uma vez é apontada, apesar da maquiagem nos bairros. “Nós estamos com efetivo insuficiente no 23º Batalhão da Polícia Militar (PM). Esta tem sido uma reclamação constante nossa à Secretaria de Segurança Pública e à PM, justamente porque há a redução nas ruas para o remanejamento nas UPPs”, reitera Carlos Monjardim, presidente da Associação de Moradores e Amigos de Ipanema (Amai).

“Na Venâncio Flores, esquina com a Ataulfo, roubaram dois celulares e o segurança do comércio conseguiu pegar um e avisou ao policiamento que fica na casa do Sérgio Cabral, que conseguiu capturar o outro assaltante. Todos os dois eram da Rocinha. Não se trata de preconceito e sim a realidade”, contou a presidente da Ama-Leblon.

Cartazes com aviso de perigo alcançam a Zona Sul

Camila Carvalho, atriz que mora na Zona Sul afirmou na rede social do projeto B.O. Coletivo, que fornece o link com o cartaz para impressão, que foi assaltada no dia 13 de junho, no ponto de ônibus na Rua Francisco Sá, em Copacabana, entre as ruas Conselheiro Lafaiete e Bulhões de Carvalho. Também foram colados cartazes na Rua Rainha Elizabeth com a Rua Tereza Aragão entre outras proximidades do espaço. Antes, o Jornal do Brasil mostrou que o costume inusitado, a exemplo do projeto de Porto Alegre, também já vinha sendo adotado nas ruas de Santa Teresa e proximidades, como a Praça da República. Agora, toda a cidade o utiliza em busca de uma prevenção contra assaltos a pedestres, cada vez mais incidentes e principalmente, uma resposta do poder público.

Apesar da redução de roubo a pedestres, de acordo com o Instituto de Segurança Pública, houve um aumento de roubo a aparelhos celulares de janeiro a fevereiro de 2013 no Leblon, o que é criticado pela presidente da Ama-Leblon. “Eles alegam que o roubo a transeuntes diminuíram, mas houve aumento do roubo a celulares. Celular anda sozinho, agora? Também são pedestres”, analisa a moradora, que afirmou não ser a favor do uso dos cartazes nos postes. “Sou contra a qualquer degradação do patrimônio público”, declara.

Para Carlos Monjardim, o hábito na Zona Sul começou há cerca de dois meses. “Foi por conta dos tapumes das obras do metrô no Leblon, que facilitaram os assaltos. É uma forma de protesto. Não conseguiremos chegar à perfeição. O comandante tem se reunido com os conselhos de segurança, mas eles não conseguem fazer milagre. Falta estrutura”, alerta Monjardim.

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Associações pedem que registrem as ocorrências nas delegacias

“A população tem ido registrar na 14º DP. Nós incentivamos que registrem. O Facebook tem nos ajudado muito. Realmente é um fenômeno poderoso para denunciar nossos problemas, mas se não há registro de nada adianta”, alerta a moradora do Leblon, que disse encaminhar as denúncias de moradores para a delegacia responsável.

Apesar do reforço durante os eventos esportivos, Carlos Monjardim, de Ipanema, disse que a criminalidade e a falta de policiais novamente será debatida na próxima reunião do Conselho Comunitário, marcada para o dia 27 de junho.