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Maracanã, poço sem fundo: obra chega a R$ 1,24 bilhão

Falta de transparência e mau uso do dinheiro público marcam reforma do estádio

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Na última terça-feira, o Maracanã recebeu aditivos de R$ 200 milhões para as obras, tornando-se o mais caro dos estádios para a disputa da Copa das Confederações, em julho deste ano. Esta é uma rotina nas obras do Maracanã: de tempos em tempos, os custos da obra para o estádio, que será reinaugurado no amistoso entre Brasil e Inglaterra no dia 2 de junho, só aumentam. Com o aditivo, as obras chegaram a R$ 1,13 bilhão. 

Com mais R$ 110 milhões só para as obras do entorno do estádio, efetuadas pela prefeitura desde 8 de setembro de 2010, o custo chega a inacreditáveis R$ 1,24 bilhão. Os novos gastos estão também ligados ao gerenciamento das obras (R$ 23,5 milhões), à urbanização intramuros (R$ 17,8 milhões) e às correções monetárias do contrato (R$ 37,4 milhões).     

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Nesta quarta-feira, o governador Sérgio Cabral tentou justificar os gastos, dizendo que as peculiaridades da obra do Maracanã fizeram com que o estádio precisasse de mais verba para o término das obras:

“Quem pode explicar são os engenheiros, mas claramente houve, pelas características da obra, quando é recuperado um bem tombado como o Maracanã as necessidades de adaptação são bem maiores do que as de um prédio novo. Novos funcionários tiveram que ser contratados, a arquibancada precisou ser verticalizada. Em obras, quando você começa, surgem fatores imponderáveis que inesperados, sobretudo em um estádio como o Maracanã, de 60 anos de vida e que sempre teve reformas mambembes”, disse o governador, que ainda comparou as obras do novo Maracanã com a reforma feita em 2005 no estádio para os Jogos Pan-Americanos de 2007. O custo total desta obra, que durou seis meses, foi de R$ 304 milhões.

“A mais significativa reforma foi feita a partir de 2005 para o Pan-Americano. E mesmo assim não foi nada perto do que estamos fazendo aqui”, analisou Cabral, que atribuiu a responsabilidade pela contratação de funcionários para a obra do estádio à secretaria de Obras e a Empresa de Obras Públicas (Emop).  

O novo Maracanã custaria, inicialmente, R$ 705 milhões. No início de 2011, porém, o governo constatou que a estrutura da marquise do estádio estava deteriorada e precisava ser demolida. A nova intervenção provocou aditivo de 36%. O preço ficou em R$ 787 milhões, divididos em R$ 400 milhões pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Socia(BNDES), mais R$ 250 milhões pelo Corporação Andina de Fomento(CAF), mais R$ 137 milhões pela Caixa Econômica Federal.

Um ano depois do início das obras, O Tribunal de Contas da União apontou sobrepreço de R$ 163,4 milhões  no custo, e a reforma foi orçada em R$ 859 milhões. O órgão havia exigido a redução de R$ 97,8 mihões desse sobrepreço.

Com incentivos fiscais concedidos pelo governo, no valor de R$ 84 milhões, o Maracanã passou a custar R$ 775,8 milhões. A Matriz de Responsabilidades, depois, atualizou o valor: R$ 808,4 milhões. Com os recentes aditivos, chegou-se ao custo atual da obra de R$ 1,13 bilhão. Um poço sem fundo.