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Complexo do Alemão terá o primeiro shopping em comunidades

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O Complexo do Alemão será a primeira comunidade do mundo a ganhar um shopping center. Depois de anos se dedicando aos movimentos sociais através da Central Única das Favelas (Cufa), Celso Athayde fundará a Favela Holding Participações que, em parceria com a rede mineira de shoppings populares Uai, vai viabilizar o projeto. Serão cerca de R$ 20 milhões de investimento para a construção do espaço com 500 lojas, praça de alimentação, palco para shows e cinemas.

O projeto do shopping no Alemão é piloto e o centro comercial deverá ser erguido em um terreno de 15 mil metros quadrados. A previsão é que as obras durem seis meses, mas ainda não há data de início. De acordo com Athayde, o objetivo é oferecer oportunidades de crescimento para as comunidades e de emprego para a mão de obra local. 

"Chegou o momento em que eu me convenci de que é preciso gerar renda e oportunidades de trabalho dentro da favela. O secretário de Segurança Beltrame sempre diz que os empresários tem que ir investir nas favelas.Qualificamos os jovens, mas a porta de saída são as oportunidades de emprego. A economia foi aquecida e as favelas estão sendo vistas de outra maneira. Não ser apenas consumidora, mas também gestora dos negócios", explicou Athayde. 

O empreendimento deverá gerar cerca de seis mil empregos diretos depois que estiver funcionando. Toda a mão de obra contratada será de moradores do Complexo do Alemão. De acordo com Elias Tergilene, dono da rede Uai, 60% dos proprietários das franquias também serão da comunidade. 

"Estamos fazendo um trabalho de cadastrar os comerciantes locais. O dono do bar, da padaria, da farmácia. Essas pessoas receberão treinamento próprio e estarão aptos a tocar uma das franquias. Nos meus outros shoppings tiramos os camelos das ruas e levamos para dentro do centro comercial. É a mesma ideia. O comerciante da favela já sabe o que tem que fazer", afirmou. 

Depois de aplicado o projeto do shopping do Complexo do Alemão, o objetivo da Favela Holding Participações é erguer empreendimentos em outras comunidades. Athayde e Tergilene já visitaram outros pontos do Rio, pacificados ou não, como Vila Vintém, Jacarezinho, Acari e Maré. O dono da rede Uai destaca que trabalhar em uma comunidade com Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) reforça a importância da iniciativa e atrai os empresários. 

"O benefício da pacificação é nítido e levar uma iniciativa que só é possível com ela reforça sua necessidade. Trazemos o empreendimento e ele arrasta muitas outras grandes marcas. Os moradores estão muito receptivos porque eles saem da favela para ir ao shopping. Mas eles querem se sentir incluídos, ter tudo o que os outros lugares têm", disse Tergilene.