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Donos de casas noturnas dizem que interdições são 'desnecessárias'

"Rio está virando a capital do embargo" queixam-se

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O esforço de fiscalização das casas noturnas provocado pela tragédia de Santa Maria (RS), que matou 236 pessoas, já resultou na interdição de 127 estabelecimentos no Rio de Janeiro. A recente preocupação do poder público com a regularização destes espaços, no entanto, tem tirado o sono de quem depende de um bar ou boate para sobreviver.

Futuro presidente da Associação de Entretenimento do Rio de Janeiro, grupo que será oficialmente criado na próxima semana, Allan Sant' Anna, criticou o rigor adotado pelos órgãos de fiscalização. Segundo ele, alguns estabelecimentos têm sido fechados 'sem necessidade'.

"Uma coisa é o local não oferecer a segurança devida. Nesse caso, é consenso geral que deve ter as portas lacradas imediatamente", argumentou o empresário. "O que não pode ocorrer, e está havendo excesso quanto a isso, é a interdição imediata de estabelecimentos que por conta de problemas burocráticos, como atraso de uma licença ou documentação. Parece que a meta é fechar todas as casas. Querem transformar o Rio de Janeiro, a capital do entretenimento, em capital do embargo".

O empresário Léo Feijó, um dos sócios do Grupo Matriz, dono de algumas casas noturnas no Rio de Janeiro, fez coro: 

"Hoje 49 equipamentos de cultura do estado e do município estão fechadas por razões diversas. O que a gente entende é que precisa haver um consenso entre Corpo de Bombeiros e da prefeitura para que a gente consiga manter os estabelecimentos que oferecem as normas de segurança funcionando, apesar de estarem com pendência burocrática. Eles não podem deixar burocracia, um papel, impedir que a cultura da cidade permaneça".

Em encontro realizado na tarde desta sexta-feira (01), durante o Rio Music Conference, num hotel em Copacabana, representantes do setor decidiram que serão feitos planos para reabrir os bares e casa noturnas. Além da criação de um 'gabinete de gestão de crise', eles vão preparar um documento com a lista de estabelecimentos fechados e os motivos das interdições. A listagem será entregue ao secretário estadual de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões, pela secretária estadual de Cultura Adriana Rattes, já no início da próxima semana. 

Vidas afetadas

De acordo com Léo Feijó, que tem a Casa da Matriz fechada desde esta quinta-feira (31/1), caso a interdição persista, o estabelecimento corre risco de fechar.

"São 60 profissionais entre contratados e terceirizados. Isto tem um custo. O aluguel e as contas seguem sendo cobrados. Se não houver compreensão do poder público fica difícil manter o negócio em funcionamento", lamentou. "As pessoas pensam que o empresário quer o lucro máximo a todo custo, mas isto não é verdade. Existem vidas que dependem deste negócio."