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Milhares de amantes de Harley invadem o Rio de Janeiro 

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A Marina da Glória, no Rio de Janeiro, está tomada pelo ronco de milhares de modelos Sportsters, Dynes, Softails e Turings. Até amanhã, a área pode ser considerada território particular do movimento Harley Davidson. Amantes e admiradores da moto mais cobiçada do mundo movimentam o local desde a manhã deste sábado, no segundo dia do Rio Harley Days. O evento, que tem edições na Espanha, Alemanha, França e Croácia, celebra os produtos da marca Harley com muita festa e atrações.

E as tribos de "harleyros" vão invadindo o espaço ao longo do dia. Vindos de todos os cantos, eles querem reverenciar a marca que tanto veneram. Típico representante do que pode se chamar de "grupo de autênticos" da Harley Davidson, o artista plástico e comerciante Adalberto Biazzi podia ser visto "surfando" no banco de sua Shovel Head vinho ano 1977.

Apaixonado por motos desde criança, o "harleyro", que mora em Louveira, na Grande São Paulo, bradava: "Isso tudo é culpa do James Dean, ou Hollywood. A moto é um ícone, um símbolo da liberdade". Com cavanhaque, óculos Ray-ban e indumentárias pretas, o apaixonado por Harley defendia a "categoria". "Tem um monte de 'coxinha' aí, gente que ganha uma grana e vai comprar moto. Não basta ter Harley, tem que ter estilo", decretava, ao lado da namorada, a administradora Elaine Serbija, que conheceu em um evento de motociclistas em junho.

Enquanto alguns recorrem a mitos do cinema americano para explicar a paixão, outros têm inspiração local. Foi o caso do bombeiro da reserva Paulo Senna, que mora em Cabo Frio e chegou ao Rio a bordo de sua Dyne Super Glide. Ele conta que seu encanto por motos nasceu do seriado brasileiro "Vigilante Rodoviário", que teve início em 1961 na TV Tupi. Graças ao antológico Inspetor Carlos, personagem vivido pelo ator Carlos Miranda, que pilotava uma Harley pelas rodovias cuidando de fazer valer a ordem, o então garoto Paulo se encantou pelas motos.

Além disso, um episódio inaugurou o encantamento, quando ele ainda era criança. Paulo morava em Brasília e sua família acabara de comprar um TV colorida. Seu pai decidiu ir para o Rio levar a TV preto e branca de presente para a avó de Paulo Senna. Lá o menino encontrou uma Harley abandonada, que pertencia ao tio. Ele tanto fez que a moto foi recuperada e acabou, mesmo que precariamente, ligando o motor. Hoje, Paulo Senna e a mulher, Estela Schiffler vivem de aproveitar o universo Harley Davidson.

A vida é na estrada

A segunda edição do Rio Harley Days celebra milhares de histórias vividas nas estradas. Os "harleyros" precisam estar em deslocamento contínuo para fazer valer o espírito aventureiro da marca, nascida nos EUA. Para o evento no Rio, muitos se deslocaram em grupos de várias regiões do Brasil.

O inspetor da Polícia Rodoviária Federal de Brasília, Dalvimar Lucas, proprietário de Harley há dez anos, esteve à frente de um batalhão destes. Na quinta-feira, saiu de Brasília em direção a Belo Horizonte conduzindo 30 motos. Na capital mineira, se juntaram ao grupo outras 65 Harley Davidson. No total, o comboio levou 33 horas para chegar ao Rio, na sexta, em tempo da abertura do evento. "Em Brasília não chove há semanas. Chegamos na Serra de Petrópolis e estava aquela neblina. Não dá para explicar a emoção que foi aquela cena".

É da estrada também que a cirurgiã-dentista Valéria Aranha tira números e recordes para seu currículo de uma das principais "harleyras" do Brasil. Ela é uma das poucas mulheres a ter mais de 125 mil milhas rodadas numa Harley, o que soma mais de 200 mil km. "Já estive na Patagônia, no Deserto do Atacama, em Buenos Aires, Punta Del Leste e nos principais eventos da marca nos EUA".

Em cima da sua Fat Boy 2011, ela conta que sua admiração por motos começou aos 14 anos, quando ganhou o primeiro ciclomotor. Ao lado da engenheira Cláudia Fujarra, com quem encara a estrada com certa rotina, ela já planeja outros trajetos, um deles bem ambicioso: chegar até o Alasca, nos EUA, a bordo de uma Harley.

Shows e lojas

O Rio reúne esses milhares de admiradores veteranos ou iniciantes na "arte Harley" até este domingo. Quem for à Marina da Glória vai conferir o universo da marca norte americana em lojas de acessórios, equipamentos e roupas espalhadas pela área. Também acontecem apresentações em motos, como o concurso de marcha lenta, exposições de produtos e shows musicais. Na noite deste sábado, a festa no palco fica a cargo da banda mineira Skank, a partir das 22h30.

Na programação de domingo tem Ultraje a Rigor, a partir das 18h, e o segundo dia da Batalha de Bandas. Cinco delas, escolhidas entre um total de cem, concorrem a um exemplar de Harley. Também há stands de vendas de motos com desconto no IPVA e condições facilitadas de pagamento. O Rio Harley Days pretende atrair, nos três dias de evento, 45 mil pessoas, número 50% maior dos que os 30 mil participantes da primeira edição, em 2011.

Também há uma área reservada para Test Ride e outra para o Jumpstart, onde o visitante pode ligar o motor da moto, girar o acelerador e trocar de marcha, simulando estar na estrada.